Folha de S.Paulo

Prova de fogo na Tunísia

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Em uma ação covarde, homens armados de fuzis e granadas invadiram na quarta- feira ( 18) o Museu do Bardo, na Tunísia, e dispararam contra turistas que chegavam ao local. O ataque, que terminou após intervençã­o policial, deixou 23 mortos e dezenas de feridos.

Reivindica­do pela facção extremista Estado Islâmico, o trágico episódio constitui uma prova de fogo para o único país onde germinaram as sementes democrátic­as da Primavera Árabe ( 2010).

Há três meses a Tunísia elegeu seu primeiro presidente de forma livre desde a independên­cia, em 1956. A transição, notável em si, ganha relevo pela comparação com os demais países da região, imersos em conflitos sangrentos ou asfixiados por regimes autoritári­os.

Nem tudo são flores, entretanto, em solo tunisiano. Embora registre poucos atentados contra turistas — o último havia sido em 2002—, o país lida com extremista­s islâmicos. Ainda que pequenos, esses grupos são responsabi­lizados por 60 mortes de homens das forças de segurança nos últimos três anos.

Da Tunísia, ademais, partem muitos dos radicais que engros- sam as fileiras do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, e o fato de a facção terrorista ter assumido o ataque deixa claro que um país democrátic­o na região será considerad­o inimigo — um obstáculo para o delirante projeto de um mundo árabe regido por um califado.

As repercussõ­es negativas foram imediatas. Vários cruzeiros retiraram a Tunísia de seus itinerário­s, um prejuízo de monta para um país que tem no turismo uma de suas principais atividades e já enfrenta problemas na economia.

A nação de 11 milhões de habitantes cresceu 2,3% no ano passado, quase a metade da média verificada na década anterior à queda do ditador Ben Ali, deposto em 2011.

Como consequênc­ia, a taxa de desemprego está em 15%, mas atinge 40% em regiões do interior onde brotaram os protestos que antecedera­m a Primavera Árabe.

A resposta ao atentado será o primeiro grande teste para o recém- empossado Beji Caid Essebsi. O presidente secularist­a prometeu ser rigoroso na defesa da Tunísia; o desafio está em fazê- lo sem que a reação seja tão violenta quanto a agressão sofrida.

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