Folha de S.Paulo

Eles só pensam naquilo

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BRASÍLIA - Todo mundo nega no andar de cima da política. Cacique nenhum, na oposição ou na base aliada, quer a pecha de conspirado­r. Mas todos só pensam naquilo.

No quê? Nos cenários pós- Dilma. Pode ser apenas o açodamento natural de políticos vendo, nas palavras dirigidas ao patíbulo de Cid Gomes na Câmara por um obscuro deputado, o barco prestes a afundar.

Que o petroleiro ( ops!) está abalroado, é certo. Coloque numa sentença as palavras protestos, Lava Jato, Datafolha, Congresso e ajuste. Dilma vive a maior crise já registrada para um presidente em início de mandato.

Se a embarcação vai a pique é outra história, daí a prudência dos capitães. Mas, após os protestos do dia 15, o time majoritári­o dos que queriam um parlamenta­rismo branco viu o clube do impeachmen­t encorpar.

Michel Temer repentinam­ente virou galã de novela, como se diz, para um certo PMDB. O cordato vice, aliás, não pode nem tomar um chá com oposicioni­stas que já aparecem pe- tistas gritando “Judas!”, como se não estivessem a pensar “Lula!” o tempo todo — ou você acha que o ex- presidente não joga seus dados na mesa?

Na oposição, o PSDB namora o PMDB no ambiente da CPI da Petrobras, ensaiando uma transição na eventualid­ade da ruptura. Um cenário: o governo Temer “itamarizad­o” com figuras tucanas mirando 2018.

Outra hipótese: impeachmen­t ou impugnação de chapa Dilma- Temer, devido a problemas com as contas de 2014 desvelados na Lava Jato.

Neste caso, entra o “timing”. Sim, já se discute a conveniênc­ia de uma eleição direta contra um Lula em chamas, no caso de algo ocorrer até 2017. Depois disso, é eleição indireta, e já há até nomes na praça.

Golpismo? Não, política. Para mudar a maré, que por gravidade favoreceri­a os mais moderados, Dilma precisa de governabil­idade e do estancamen­to da crise econômica. O nó é que ambas as coisas são interligad­as, mas com velocidade­s próprias. igor. gielow@ grupofolha. com. br

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