Folha de S.Paulo

Obama defende ‘ novo futuro’ nas relações com o Irã

Presidente dos EUA disse que acordo nuclear é “melhor oportunida­de em décadas” para laços entre os países

- GIULIANA VALLONE

Em resposta, chanceler do Irã pede a potências que se decidam entre pressão ou acordo com a República Islâmica

DE NOVA YORK

Em meio à negociação para um acordo sobre o programa nuclear do Irã, o presiden- te dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou mensagem à população e aos líderes de Teerã defendendo um novo futuro nas relações entre os dois países.

“Temos a melhor oportunida­de em décadas para buscar um futuro diferente entre nossos países”, disse, em mensagem de cumpriment­o pelo Ano- Novo persa, comemorado nesta sexta- feira ( 20).

“Por décadas, nossas nações estiveram separadas pela desconfian­ça e o medo. Agora, é o início da primavera [ no Hemisfério Norte]. Temos uma chance de conseguir um avanço que vai beneficiar nossos países, e o mundo, por muitos anos.”

Obama também fez um apelo para que o governo iraniano liberte três americanos presos e auxilie na busca por outro que desaparece­u no país há oito anos.

Os americanos presos no país são Saeed Abe di ni, pastor cristão do Estado de Idaho, condenado a oito anos de prisão em 2013 por “ameaçar a segurança nacional”; Amir He k mati, ex- fuzileiro naval de Michigan preso em 2011 sob acusação de trabalhar para a CIA; e Jason Reza ian, correspond­ente do jornal “Washington Post” em Teerã.

As negociaçõe­s dos EUA e outros cinco países com o Irã — cujo objetivo é impedir o desenvolvi­mento de armas nucleares— foram interrompi­das nesta sexta em Lausanne, na Suíça, após a morte da mãe do presidente iraniano, Hasan Rowhani.

Como um rascunho do pacto precisa estar pronto até o fim do mês, uma nova rodada de conversas foi marcada para semana que vem, mas a data exata não foi divulgada. Uma versão final terá de ser anunciada em junho.

O secretário de Estado norte- americano, John Kerry, divulgou uma nota expressand­o suas condolênci­as ao líder iraniano e a sua família.

De acordo com pessoas próximas às negociaçõe­s, os dois lados fizeram progressos, mas ainda há diferenças que precisam ser resolvidas e poderiam, potencialm­ente, evitar um acordo. Ainda na mensagem, Obama afirmou que há “lacunas” nas discussões, mas se disse esperanços­o sobre um consenso.

Em aparente resposta ao presidente americano, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, disse no Twitter que é hora de os EUA e os outros países envolvidos — China, França, Alemanha, Rússia e Reino Unido— avançarem.

“Os iranianos já fizeram sua escolha: envolver- se com dignidade. É hora de os EUA e seus aliados decidirem entre a pressão ou o acordo.”

Nesta sexta, após se encontrar com Kerry na Suíça, Zarif disse que “ainda há uma ou duas questões críticas” a serem resolvidas.

O secretário de Estado americano, por sua vez, afirmou que houve “bom progresso.” Kerry deve reunir- se em Londres com aliados europeus neste sábado antes de voltar aos EUA.

O aceno de Obama aos iranianos ocorre em meio à crise na relação entre os EUA e Israel, que se opõe veementeme­nte ao acordo.

O primeiro- ministro israelense, Binyamin Netanyahu, causou novo mal estar ao se posicionar contra a criação de um Estado palestino.

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