Conversando a gente se entende
tados Unidos entre governantes latino- americanos que despertaram politicamente nos anos 60. No entanto, nos últimos 50 e poucos anos, mudamos todos: os Estados Unidos, a América Latina, você e eu. É mais que hora de superar o trauma.
No campo internacional, a Organização dos Estados Americanos foi uma das instituições que mais sofreram com essa mentalidade. Era o foro no qual a América Latina e os Estados Unidos se encontravam — mas sem a Cuba comunista, excluída do órgão em 1962.
Com a eleição, no continente, de vários governos de esquerda de viés antiamericano, as reverberações do trauma anti- imperialista se agravaram, e a OEA perdeu dinamismo. O próprio governo brasileiro retirou seu embaixador titular em 2011, por discordar de decisões da Comissão de Direitos Humanos do órgão.
Mas novos tempos se anunciam. Nesta semana, o uruguaio Luis Almagro, ex- chanceler do presidente José Mujica, foi eleito secretário- ge- ral da OEA. Em seu discurso, prometeu “renová- la”. Pode ser que ele consiga. O irritante entre Estados Unidos e Cuba arrefece. No próximo mês, o presidente Raúl Castro participará pela primeira vez de um evento no âmbito da OEA, a Cúpula das Américas, no Panamá, na qual se encontrará, entre outros, com o presidente Obama.
Uma eventual volta de Cuba ao grupo, sob um secretário- geral recém- empossado, é um evento alvissareiro. No caso do Brasil, as dificuldades com o órgão parecem estar sendo superadas. O ministro das Relações Exteriores compareceu à eleição de Almagro, e a presidente Dilma pretende ir à reunião no Panamá. Espera- se que, em breve, o governo brasileiro apresente o nome de um novo embaixador.
Seria propício para o ambiente continental que o Brasil voltasse em plena forma à OEA. A tradição dos países latino- americanos é de resolver conflitos regionais por meios diplomáticos. E, na diplomacia, é conversando que a gente se entende.
A pauta da OEA é vasta e permite a discussão de uma ampla gama de temas de interesse do Brasil e seus vizinhos nas três Américas e no Caribe. Com a volta de Cuba, o diálogo interamericano ficará mais legítimo, mas também mais necessário. É importante o Brasil retomar sua participação integral ( inclusive financeira) nos trabalhos da OEA. O espaço de diálogo oferecido é valioso. Não deve ser desperdiçado.