Folha de S.Paulo

Jovens escapam ilesas após árvore esmagar carros

- GIBA BERGAMIM JR.

DE SÃO PAULO

A árvore veio abaixo silenciosa, “sem nenhum estalo”, esmagou dois carros e, por pouco, não atingiu duas mulheres na rua Alagoas quando a chuva castigava São Paulo, na tarde desta sexta ( 20).

“Aconteceu de novo, mas desta vez não matou ninguém”, disse um morador da rua localizada no coração de Higienópol­is, bairro nobre da região central ainda traumatiza­do com duas mortes causadas por quedas de árvores durante tempestade­s nos últimos quatro meses.

O alecrim, plantado há décadas na via, bem ao lado do parque Buenos Aires, tombou por volta das 16h30.

O peso de “algumas toneladas”, segundo engenheiro­s agrônomos, reduziu um Celta a um monte de ferro retorcido — efeito parecido com o de uma latinha esmagada.

Na sequência, cruzou a via em direção a um Zafira, estacionad­o em frente a um supermerca­do, onde uma funcionári­a ajudava uma estudante de 14 anos a colocar as compras dentro do carro.

“A árvore acertou a tampa do porta- malas e jogou a minha patroa para dentro do carro. Ela ficou presa pela perna, mas não se feriu”, disse Francisco Ricardo, 39, motorista particular da adolescent­e, que estava na frente do carro e não foi atingido.

“Já a moça do mercado foi atingida de raspão e ficou entre os galhos. Elas não foram esmagadas por milagre.”

A funcionári­a foi levada ao hospital, mas sofreu só escoriaçõe­s no ombro. A Folha não conseguiu localizá- las.

Gerente de uma lotérica, José Luiz dos Reis, 48, é dono do Celta e costuma tirar sonecas dentro dele após o almoço. “Como ameaçava uma chuva, achei melhor não fazer isso.”

O acidente ocorreu a duas quadras do local onde o administra­dor de empresas Ricardo Luiz Galvão Mendes, 33, morreu após ser atingido por uma árvore que caiu sobre o táxi que o transporta­va, em 22 de dezembro passado.

Em 25 de fevereiro, o também administra­dor José Paulo Machado, 47, morreu eletrocuta­do por fios da rede elétrica que atingiram seu carro, após a queda de uma árvore.

Segundo Claudinei Rocha, engenheiro agrônomo da prefeitura, a causa da queda pode ser a existência de cupim na raiz e o solo encharcado.

A prefeitura afirma que há árvores com mais de 70 anos em Higienópol­is e muitas são inapropria­das para áreas urbanas. Diz também que só a avaliação de um técnico permite podas ou remoções.

De novembro de 2014 ao começo de fevereiro passado, a cidade registrou a queda de 1.765 árvores — em média, há 2.000 casos por ano.

 ?? Fabio Braga/ Folhapress ?? Árvore sobre dois carros na rua Alagoas, no entorno do parque Buenos Aires, em Higienópol­is, área nobre da região central de SP; não houve feridos
Fabio Braga/ Folhapress Árvore sobre dois carros na rua Alagoas, no entorno do parque Buenos Aires, em Higienópol­is, área nobre da região central de SP; não houve feridos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil