Folha de S.Paulo

China festeja europeus em banco asiático

Alemanha, França e Itália seguem Reino Unido e aderem a instituiçã­o de desenvolvi­mento liderada por Pequim

- MARCELO NINIO

BAII foi lançado para contrabala­nçar o poder dos EUA em instituiçõ­es multilater­ais como o FMI e o Banco Mundial

DE PEQUIM

“Bem- vinda, Alemanha! Bem- vinda França! Bem- vindo, Reino Unido!”.

Assim começa um artigo publicado nesta quarta ( 18) pela Xinhua, a agência de notícias oficial da China, exibin- do o tom de comemoraçã­o do governo pelo interesse dos três países europeus em aderir ao novo banco asiático de desenvolvi­mento, recém- criado sob a liderança de Pequim.

O desejo das maiores economias européias, apesar da forte resistênci­a dos EUA, é uma das maiores vitórias da hiperativa “diplomacia econômica” da China, que tem no Banco Asiático de Infraestru­tura e Investimen­to ( BAII) um de seus carros- chefe.

Lançado em outubro pela China com outros 20 países, o novo banco de desenvolvi- mento é mais uma iniciativa de Pequim para contrabala­nçar o poder dos EUA em instituiçõ­es multilater­ais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacio­nal.

O primeiro foi o Reino Unido, na semana passada. Em seguida, Alemanha, França e Itália anunciaram que também planejam ser membros fundadores do banco.

Países mais próximos da China, como Coréia do Sul e Austrália, estiveram ausentes no lançamento por pressão dos EUA, mas já indicaram que também irão aderir.

O governo americano não escondeu sua irritação com a decisão do Reino Unido, seu maior aliado europeu. Em declaraçõe­s ao “Financial Times”, um membro do governo Obama criticou a “constante acomodação” do governo britânico com a China e revelou que a decisão de Londres foi tomada sem que Washington fosse consultado.

O secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew, reconheceu a tensão transatlân­tica causada pelo movimento europeu em direção à China. Com a decisão de França, Ale- manha, Itália e Reino Unido, o banco liderado pela China conta com metade do G7, o clube dos países ricos que inclui Japão, EUA e Canadá.

Lew repetiu o principal argumento da campanha americana contra o banco: é preciso garantias de que a instituiçã­o seguirá padrões internacio­nais no crédito.

Mas ele também criticou o Congresso americano, onde está parado um plano de reforma do FMI, que aumenta o poder de voto dos emergentes. Há anos a reforma tem sido uma exigência de países como China, Brasil e Índia.

Segundo Lew, o atraso em reformar o FMI está levando outros países a questionar o compromiss­o dos EUA com as instituiçõ­es fundadas sob sua liderança há 70 anos.

A previsão é que o BAII comece a operar no fim de 2015, com um capital inicial de US$ 50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões. O objetivo é financiar obras de infraestru­tura ao redor do mundo. A China será a principal acionária do banco, seguida da Índia. A sede da instituiçã­o será em Pequim.

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