PF faz buscas em firmas de filho do ex-presidente Lula
Ação é parte da Operação Zelotes, que apura suposto esquema de venda de medidas provisórias
A Polícia Federal fez buscas em firmas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Lula, em São Paulo. A ação é parte da Operação Zelotes, que também apura supostas negociações de medidas provisórias.
Inicialmente, a operação investigava denúncias de repasse de propina a membros de conselho ligado ao Ministério da Fazenda a fim de anular multas tributárias. O pagamento era feito por meio de escritórios de lobby.
Apura-se na nova fase esquema similar para obter benefícios tributários em medidas provisórias. Luis Cláudio se tornou alvo porque recebeu R$ 1,5 milhão da firma Marcondes & Mautoni, cujo dono foi detido ontem.
Luis Cláudio nega irregularidades. É a primeira vez que uma operação da PF atinge um filho de Lula. Segundo a Folha apurou, o expresidente criticou Dilma, que estaria permitindo investigações para se preservar.
A Operação Zelotes apontou ainda que Gilberto Carvalho, ex-chefe do gabinete do petista e ex-ministro de Dilma, atuou em “conluio” com lobistas do setor automotivo. Ele também nega as acusações.
Investigadores suspeitam que empresa pagou para garantir renovação de benefícios para setor automotivo
Um escritório onde funcionam empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi alvo de buscas da Polícia Federal nesta segunda (26), numa operação que investiga suspeitas de que benefícios ao setor automotivo foram renovados após pagamento de propina.
Foi a primeira vez que uma operação deflagrada pela PF com apoio do Ministério Público Federal teve como alvo um filho do petista, que neste ano passou a ser investigado por suspeita de tráfico de influência devido ao seu envolvimento com empreiteiras investigadas pela Lava Jato.
O filho de Lula virou alvo da Operação Zelotes, que desde o início do ano apura irregularidades no Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal, mas os investigadores abriram outra frente para examinar suspeitas de que medidas provisórias(MPs) tenham sido negociadas com funcionários do governo e congressistas.
Segundo a força-tarefa da Zelotes, empresas interessadas em benefícios tributários contidos nas MPs 471 (2009) e 627 (2013), depois transformadas em lei, pagaram escritórios de lobby que distribuíram os valores a “colaboradores”.
Os investigadores calculam que pagamentos de R$ 6,4 milhões foram feitos para garantir a medida editada em 2009 e apontaram o petista Gilberto Carvalho, ex-chefe do gabinete de Lula e ex-ministro da presidente Dilma Rousseff, como envolvido em “conluio” com um lobista.
O filho de Lula entrou na mira dos investigadores porque uma de suas empresas, a LFT Marketing Esportivo, recebeu R$ 1,5 milhão de um escritório de lobby, a Marcondes & Mautoni (M&M), na mesma época em que os lobistas foram remunerados por duas empresas interessadas na renovação da medida de 2013.
Segundo petição da forçatarefa, é “muito suspeito que uma empresa de marketing esportivo receba valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes e Mautoni)”.
A empresa de Luis Cláudio “estranhamente” foi o segundo maior destino dos recursos obtidos pela M&M de duas empresas automotivas, a MMC Automores do Brasil, que fabrica os carros da Mitsubishi, e a Caoa, fabricante Hyundai.
O maior beneficiário dos recursos foi o próprio dono da M&M, Mauro, com R$ 3 milhões. Ele era vice-presidente da Anfavea (associação das montadoras), representando a MMC. A entidade o afastou da diretoria depois da operação desta segunda (26).
De acordo com os procuradores da República, a investigação revelou “com segurança” que Marcondes e a SGR Consultoria, cujo dono é José Ricardo da Silva, “nada produzem de lícito. Limitam-se apenas a intermediar interesses espúrios perante a administração pública”.
Na nova fase da investigação, nesta segunda (26), foram presas preventivamente seis pessoas, incluindo Marcondes e sua mulher, Cristina, e o lobista Alexandre Paes dos Santos. Nas buscas, a PF coletou documentos e computadores de 18 empresas.
O sócio-fundador da Mitsubishi, Eduardo Souza Ramos, e o dono da Caoa, Carlos Alberto Oliveira Andrade, foram conduzidos para prestar esclarecimentos. As duas empresas foram alvo de buscas. SERVIDORES Uma planilha encontrada pela PF na casa de Paes dos Santos cita diversos servidores como parte de um “projeto de prorrogação por mais cinco anos (2015-2020) do Benefício Fiscal para a Caoa”.
O mesmo documento cita Lytha Spindola, ex-secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio). Para a PF, foi essa servidora “o canal de lobby naquele órgão”.
Segundo a investigação, os lobistas também contaram com apoio de Fernando César Mesquita, ex-diretor de comunicação do Senado e ligado ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
Para a Polícia Federal, Mesquita “foi corrompido para auxiliar nas demandas dentro do Senado”, tendo recebido propina de R$ 78 mil.