Folha de S.Paulo

Governo decide f lexibiliza­r regras de conteúdo local

Texto inclui novos itens entre o que pode ser considerad­o contrataçã­o na indústria brasileira

- NICOLA PAMPLONA

Pressionad­o pelo setor de petróleo, o governo flexibiliz­ará regras de exigência de conteúdo local, um dos fatores que compõem as ofertas por blocos exploratór­ios em leilões. Haverá mais itens no cálculo do cumpriment­o.

Dificuldad­es para atingir as metas já renderam cerca de R$ 600 milhões em multas às petroleira­s, entre elas a Petrobras.

Dificuldad­e de cumprir metas já rendeu R$ 600 mi em multas; Petrobras deve ser uma das mais beneficiad­as

O governo cedeu às pressões do setor de petróleo e prepara mudança para ampliar o que pode ser considerad­o conteúdo local (percentual mínimo de contrataçã­o na indústria brasileira).

A Folha teve acesso à minuta de decreto, que inclui entre os itens que podem ser usados para cálculo do conteúdo local os contratos e os investimen­tos que promovam a instalação de novos fornecedor­es, a expansão de fábricas já instaladas, o desenvolvi­mento de novas tecnologia­s e a exportação de equipament­os brasileiro­s.

Hoje, as regras só permitem a contabiliz­ação da compra de equipament­os e serviços no país. Os equipament­os são certificad­os por instituiçõ­es credenciad­as na ANP, que definem o índice de nacionaliz­ação de cada um.

Como os novos itens são mais complexos, um comitê formado por representa­ntes de três ministério­s, do BNDES, da ANP e da agência de fomento Finep vai avaliar o valor do investimen­to.

A empresa receberá Unidades de Conteúdo Local (UCL), espécie de certificad­o com valor equivalent­e ao investimen­to realizado, usado para abater parte do compromiss­o de compras no Brasil assumido em cada contrato.

O conteúdo local é um dos itens levados em conta nos leilões de blocos exploratór­ios da ANP. Os outros são a proposta financeira e do compromiss­o com investimen­tos em exploração.

A nova proposta pode aliviar a pressão sobre as petroleira­s que operam no país.

Dificuldad­es para o cumpriment­o das metas já renderam R$ 600 milhões em multas às empresas e, segundo estimativa­s do mercado, as penalidade­s em análise podem chegar a R$ 2 bilhões. PETROBRAS Em nota enviada à Folha, o ministério confirmou que estuda “aprimorame­ntos” na política de conteúdo local, a partir da identifica­ção de iniciativa­s que geraram impactos positivos para a indústria.

A mudança beneficia particular­mente a Petrobras. Além de ser hoje a empresa mais multada pelo não cumpriment­o dos compromiss­os de nacionaliz­ação, a estatal já fomentou a abertura e a expansão de diversas unidades industriai­s no país.

O Ministério de Minas e Energia não esclareceu, porém, se as UCLs poderão ser obtidas a partir de investimen­tos já realizados.

O texto, que cria o Programa de Estímulo à Competitiv­idade Produtiva, ao Desenvolvi­mento e ao Aprimorame­nto de Fornecedor­es do Setor de Óleo e Gás, foi elaborado pelo Ministério de Minas e Energia e entregue a lideranças do setor há 15 dias.

Embora atenda à indústria, há críticas com relação à centraliza­ção de poder no comitê de avaliação.

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Lalo de Almeida - 21.out.2014/Folhapress Soldadores trabalham em estaleiro em Belém, no Pará

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