Após 21 dias de greve, bancários voltam ao trabalho hoje em 19 Estados
Categoria vai receber 10% de reajuste nos salários e de 14% em benefícios
Ao menos 19 Estados põem fim a movimento; presidente do Bradesco afirma que aumento é ‘desafio’ para bancos
Após 21 dias de greve, os bancários do setor público e privado decidiram nesta segunda-feira (26) encerrar a paralisação em São Paulo e em pelo menos mais 18 Estados e retornar ao trabalho nesta terça-feira (27).
Em assembleias realizadas em várias regiões do país, foi aprovado reajuste de 10% para os salários, sendo 0,11% de aumento real —ou acima da inflação acumulada de 9,88% (INPC) nos últimos 12 meses. Benefícios como vales refeição e alimentação terão correção maior, de 14%.
Em São Paulo, 6.000 funcionários do Banco do Brasil, da Caixa e do setor privado participaram de três assembleias feias separadamente.
Entre os Estados em que a greve acabou estão Rio, Minas, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em Mato Grosso, os bancários rejeitaram a proposta, e a greve continua.
O índice de correção aprovado foi o quarto oferecido pelos bancos em um prazo de 29 dias. Inicialmente a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) propôs 5,5% de reajuste com abono fixo de R$ 2.500. Nas duas últimas semanas aumentou aos poucos esse índice até chegar a 10%, mas sem o abono.
Em sua pauta de reivindicação, a categoria pedia 16% de reajuste —índice que incluía 5,7% de aumento real.
Com o reajuste aprovado, em 12 anos, a categoria acumula ganho real de 20,83% nos salários e 42,3% nos pisos salariais. DESAFIO MUITO GRANDE “É um reajuste importante para um ano em que a economia não está andando. É um desafio muito grande para os bancos porque o principal produto, o crédito, não tem crescimento”, disse Luiz Trabuco presidente do Bradesco, em evento em São Paulo.
O aumento real aprovado na campanha de 2015 (0,11%), entretanto, é o menor dos últimos seis anos. Um dos maiores foi em 2010, quando ficou 3,08% acima da inflação.
Com o INPC beirando os 10%, tem sido menor o número de categorias profissionais que têm conseguido aumentos expressivos neste ano.
A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) será de 90% do salário mais valor fixo de R$ 2.021,79. A regra determina ainda que devem ser distribuídos no mínimo 5% do lucro líquido. Se isso não ocorrer, os valores de PLR devem ser aumentados até chegar a 2,2 salários nominais.
Em relação aos dias parados, não haverá desconto de 53 horas de trabalho para para quem tem jornada de seis horas diárias. Para jornadas de oito horas, serão abonadas 81 horas.
No país são 512 mil bancários, sendo 142 mil representados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (CUT). BANCOS PÚBLICOS O reajuste para os funcionários das instituições do setor público é o mesmo para os salários (10%) e os benefícios (14%). O que muda é o valor da PLR negociada em cada banco.
No caso da Caixa e do Banco do Brasil, além da regra básica da Fenaban, haverá PLR adicional de 4% do lucro líquido deste ano, distribuído igualmente para todos os empregados.
No BB, também há alguns itens específicos —como 4.000 bolsas de estudos de graduação e instalação de equipamento de segurança de detecção de metais (nas agências que forem realocadas e nas que passarem por grandes reformas).