Folha de S.Paulo

Exportaçõe­s crescem em volume, mas receita diminui

-

O ritmo brasileiro das exportaçõe­s de commoditie­s continua intenso, mas o desempenho do setor na balança comercial perde com a acentuada queda dos preços internacio­nais.

Tomando como base os líderes do setor, praticamen­te todos elevaram o volume exportado neste mês, em relação a igual período do ano passado, mas também são os que têm as maiores quedas de preços.

A líder soja, que terá exportaçõe­s recordes em volume neste ano, termina outubro com a tonelada do produto exportado em US$ 382, uma queda de 22% em comparação ao resultado do mesmo mês do ano passado.

A redução média de preços durante o ano fará com que as receitas com o complexo soja (grãos, farelo e óleo), que atingiram US$ 31 bilhões em 2014, fiquem próximas de US$ 25 bilhões neste ano.

Outros dois produtos de destaque —café e açúcar— têm quedas de preços semelhante­s: recuo de 27% ante os valores de igual período de 2014, de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

A queda de preços passa também pelo setor de carnes. O volume exportado das carnes suína e bovina “in natura” vai terminar o mês com altas de 4%.

Os preços, no entanto, ficam bem abaixo dos registrado­s no ano passado. Dados da Secex indicam que a tonelada de carne suína “in natura” recuou para US$ 2.418 neste mês, ante US$ 4.194 em outubro do ano passado. Já o preço da carne bovina caiu 17% no período.

As exportaçõe­s de carne de frango “in natura” perdem tanto em volume como em preços, segundo o acompanham­ento do Ministério do Desenvolvi­mento. Enquanto o volume recuou 3,5%, o preço médio por tonelada caiu 22% ante 2014.

Um dos destaques positivos é o milho, cuja queda de preços foi de 6% no período, mas o volume exportado cresceu 82%.

OS PIORES e petróleo. O volume de minério exportado neste mês supera em 16% o de outubro de 2014, mas os preços atuais estão 44% menores.

O petróleo tem o mesmo cenário. As vendas externas se expandem, mas os preços médios estão com queda de 56%, de acordo com dados da Secex.

Se os preços das commoditie­s ainda estivessem nas nuvens, como ocorria há dois anos, o país estaria tendo um bom alívio em suas contas devido aos volumes exportados neste ano.

Pé no freio A alta da soja em Mato Grosso puxa também os preços do farelo de soja, que atingiram o maior patamar desde 2012. Com isso, as indústrias do setor já relatam queda da demanda, afirmam os analistas do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuár­ia).

Peso no bolso O dólar valorizado dá suporte aos preços futuros do milho, mas também eleva os custos de produção, que atingem o recorde de R$ 2.507 por hectare em Mato Grosso. A maior pressão vem dos insumos, que representa­m 52% desse valor na safra 2015/16, aponta o Imea.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil