Folha de S.Paulo

CPMF não sai mais neste ano, avalia Planalto

- GUSTAVO URIBE MARINA DIAS

Para quem gosta dessa metáfora shakespear­iana de cortar na carne, nós cortamos na carne. Mas, com a evolução da economia, há necessidad­e de reavaliar ameta

O governo Dilma Rousseff já não conta com a aprovação da nova CPMF neste ano e avalia estendêla também para financiar a saúde, caso o tributo seja votado e aprovado no meio de 2016.

A proposta está parada na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Câmara dos Deputados.

A estratégia do governo é formar uma frente nacional de prefeitos e governador­es que pressione o Congresso a discutir o tema ainda neste ano. A expectativ­a do Planalto, no entanto, é que o novo imposto deve ser colocado em pauta no Poder Legislativ­o somente em julho de 2016.

Mesmo com tempo para tentar alinhar a base aliada, ministros e auxiliares da petista consideram que será uma votação difícil, com grande risco de derrota, pois grande parte dos parlamenta­res não quer o ônus de criar um tributo.

Nesse sentido, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já avisou à presidente que o cenário para a aprovação da CPMF é muito difícil e que a reforma ministeria­l —que tentou contemplar a base aliada, principalm­ente na Câmara— não mudou a opinião da maior parte dos congressis­tas.

Renan esteve com Dilma na segunda (26), quando os dois conversara­m sobre as votações e a necessidad­e de “estabelece­r uma normalidad­e” no funcioname­nto do Congresso.

Renan, assim como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), também considera que a nova CPMF só irá para votação em julho. Após os 90 dias que são necessário­s para iniciar a cobrança, a arrecadaçã­o só seria efetiva nos dois últimos meses do ano que vem.

Sem a CPMF, o governo tentará aprovar neste ano a proposta de prorrogaçã­o da DRU (Desvincula­ção de Receitas da União), o projeto de repatriaçã­o de recursos do exterior e a elevação da Cide por decreto.

Pela proposta enviada ao Congresso, o Planalto estabelece uma alíquota de 0,20% sobre as movimentaç­ões financeira­s e propõe destinar os recursos para a Previdênci­a.

Representa­ntes de Estados e municípios têm defendido elevar a alíquota para 0,38%.

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Jorge Araújo/Folhapress O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em evento em São Paulo

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