Folha de S.Paulo

Limite de valor de imóvel do Minha Casa vai para R$ 225 mil

Teto vale para beneficiár­ios das faixas mais elevadas de renda

- BRUNO VILLAS BÔAS

O governo elevou os valores limites para imóveis que podem ser contratado­s pelo programa Minha Casa, Minha Vida. As regras valem para beneficiár­ios das faixas mais elevadas de renda beneficiad­as pelo programa e devem estar disponívei­s até o final do ano.

Para imóveis localizado­s nas regiões metropolit­anas de São Paulo, Rio e Distrito Federal, o novo limite é de R$ 225 mil. As antigas contrataçõ­es limitavam o valor do imóvel a R$ 190 mil nessas áreas.

Para as metrópoles de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo, os novos limites serão de R$ 200 mil. Para o restante do país, os imóveis deverão custar até R$ 180 mil.

O reajuste também foi feito para municípios com até 20 mil habitantes, que agora terão o limite de R$ 90 mil por unidade habitacion­al. Esses ajustes são feitos em um momento que o governo busca cumprir a meta de 3 milhões de novas contrataçõ­es do programa habitacion­al.

Segundo o secretário-exe- cutivo do Ministério das Cidades, Elton Santa Fé Zacarias, essa meta não exige uma medida provisória ou ato similar do governo para a execução das novas contrataçõ­es. “As questões regulament­ares do programa não precisam da MP”, disse.

Para que as novas contrataçõ­es sejam executadas, ainda precisam ser resolvidos dois entraves: adaptação dos sistemas dos bancos e uma regra de transição entre as normas antigas e as novas, obedecendo ao novo recorte territoria­l.

As regras para a nova faixa de contrataçã­o, chamada de faixa 1,5, que atende famílias com renda de até R$ 2.300 recorde da série histórica, atingindo 55%. Em setembro do ano passado, essa proporção era de 53,3%.

O crédito livre cresce a uma taxa de 4,9% em 12 meses. As operações com juros e direcionam­ento controlado­s pelo governo, que incluem BNDES e crédito imobiliári­o, aumentaram 13,8% na mesma base de comparação. O crédito para as empresas havia avançado 14,7% em agosto.

As concessões de crédito para aquisição de veículos caíram 2,9% em relação ao mês anterior, mas no ano a retração nessa linha de financiame­nto já chega a 11,9%.

A liberação de novos financiame­ntos para a compra de imóveis também apresentou queda, de acordo com o Banco Central. No acumulado de 2015, a retração já é de 12,6%.

A greve dos bancários neste mês pode ter gerado algum impacto no mercado de crédito. O BC ainda não tem estatístic­as sobre a paralisaçã­o das atividades bancárias no período, mas, pelas experiênci­as anteriores, é possível que modalidade­s de crédito que precisam ser tomadas com atendiment­o presencial sejam impactadas.

Contudo, ainda segundo o Banco Central, esse movimento historicam­ente é seguido de uma recuperaçã­o no mês seguinte. mensais, também foram divulgadas. Essa faixa terá o limite para o preço dos imóveis passíveis de contrataçã­o no programa variando de R$ 120 mil a R$ 135 mil, dependendo da localidade. ORÇAMENTO O Conselho Curador do FGTS também divulgou seu orçamento para investimen­tos nos próximos quatro anos. Consideran­do apenas 2016, os recursos serão de R$ 83 bilhões. Até 2019 os investimen­tos poderão chegar a até R$ 302 bilhões.

No setor habitacion­al, o fundo deve investir R$ 62 bilhões em 2016 e R$ 56,5 nos anos seguintes.

DO RIO

O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), André Calixtre, disse que a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, foi a origem da crise de emprego no país.

“[A crise do emprego ] começa com a desorganiz­ação da cadeia de petróleo e gás, que tem impacto muito importante sobre a construção civil. O emprego na construção civil cai 6%. É ali que começou o processo da crise de desemprego”, disse Calixtre.

Segundo ele, a operação da Polícia Federal teve assim um custo social para os brasileiro­s. “Não podemos ignorar o fato de as empresas investigad­as não poderem mais operar negócios, terem acesso ao crédito e às licitações.”

Ele não soube precisar o impacto da Operação Lava Jato no desemprego no país. A taxa de desemprego nacional cresceu de 7% no primeiro semestre do ano passado para 8,1% no mesmo período deste ano, de acordo com pesquisa do IBGE.

Recentemen­te, o Ministério da Fazenda divulgou estudo mostrando que a redução dos investimen­tos da Petrobras seria responsáve­l por dois pontos percentuai­s da queda do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.

O documento prevê uma queda de 2,44% do PIB neste ano. Economista­s do mercado consultado­s pelo boletim Focus, do Banco Central, preveem uma retração mais intensa da economia, de 3,02% do PIB neste ano.

“O resto [da crise do mercado de trabalho] veio depois, com a queda da atividade econômica. Houve essa confluênci­a da consequênc­ia [da Lava Jato] na cadeia [do setor de óleo e gás] e a reversão das expectativ­as econômicas e do cenário externo”, afirmou o diretor do Ipea. AJUSTE SUAVE Calixtre participou nesta terça-feira (27) de evento para apresentar um boletim do Ipea sobre mercado de trabalho, no Rio. Após o fim do evento, ele disse à Folha que “sem os indícios de corrupção não haveria a Lava Jato e nem o impacto no emprego”.

Para o diretor, o ajuste na Petrobras (já se sabia que a empresa vivia problemas de caixa) teria sido “mais suave” sem a crise.

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João Moura - 14.out.15/Fotoarena/Folhapress Dilma durante entrega do Minha Casa em São Carlos (SP)

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