Ministro da Educação defende mudança em escolas paulistas
‘É até recomendável’, disse Mercadante; professores criticam proposta
DE BRASÍLIA
Em audiência no Senado, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que a medida tomada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de separar os alunos por etapa de ensino é recomendável do ponto de vista pedagógico, mas que a transferência exige cautela.
“Acho que é até recomendável que você tenha faixas etárias específicas, e não ter a criança da alfabetização convivendo com o aluno do último ano do ensino médio. Mas, como fazer essa transição, é algo muito delicado.”
O objetivo, segundo o governo estadual, é facilitar a gestão das unidades. Na prática, as escolas paulistas com segmento único passarão de 28% para 43% e 6% ainda manterão três ciclos.
A medida tem gerado protestos de sindicatos de professores e de pais de alunos. Ao todo, 311 mil estudantes devem ser atingidos pela transferência —a previsão era transferir até 2 milhões.
Com a reorganização, 94 escolas no Estado ficarão sem alunos e terão outras atividades de educação, como ensino técnico. Dessas, 24 estarão na capital (a lista não foi divulgada oficialmente).
Questionado, Mercadante disse que não se sentia confortável “em falar da rede alheia”, que é comandada pelo PSDB, mas defendeu que a educação deva ser questão “suprapartidária”.
“Fecharam 94 escolas. Do ponto de vista pedagógico, não vejo problema em separar por faixa etária, talvez até faça sentido. Agora, com o problema da mobilidade em São Paulo, os pais que escolhem a escola mais perto de casa vão ter um problema.”
Para o ministro, a situação impõe “uma questão imediata a ser ajustada”. VAIAS Contrários à proposta do governo estadual, professores vaiaram nesta terça (27) o governador Alckmin durante evento de inauguração de um viaduto entre Campo Limpo Paulista e a rodovia Edgard Máximo Zamboto (SP-354).
Entre palavras de ordem, parte dos manifestantes discutiu de forma áspera com integrantes da comitiva de Alckmin, informou a Rádio Bandeirantes. Na capital, o secretário de Educação, Herman Voorwald, também foi vaiado, por alunos e professores, em sessão na Assembleia.