Referência na gastronomia, Nina Horta lança livro de crônicas

DA CRÍTICA DA FOLHA

À primeira vista, o LambeLambe, dos mesmos donos do MoDi, próximo à praça Vilaboim, parece um ótimo programa. Tem preços animadores, pratos cheios de brasilidade, que nos falam ao coração só na leitura, um ambiente descontraído e alegre, com Elis Regina ao fundo.

Tudo segue bem, dentro das expectativas, quando se mira no cardápio o caju amigo (R$ 18, com cachaça). É servido tinindo, com compota e nacos carnudos da fruta.

Para acompanhar —e seguir em um bom caminho— pode-se pedir o trio de coxinhas cremosas (R$ 10). A coxa da asa, úmida, é banhada em um caldo de galinha de sabor concentrado, engrossado com farinha, e depois empanada. Também se sai bem a frigideira de jiló com linguiça ou fígado (R$ 13).

Depois disso, uma sequência malsucedida: o ovo mole empanado (R$ 13) chega à mesa “ovo duro”; o cuscuz paulista (R$ 11) desmorona na primeira garfada —idem para o disco de fraldinha moída com mandioca (R$ 13), que não tem liga e está com o sal a todo o vapor.

Aliás, o sal é um tema no Lambe-Lambe: usado sem a menor parcimônia, foi capaz de detonar alguns pratos. A exemplo, o frango ao meio na brasa (sem sinal daquele defumado gostoso; R$ 29).

Tampouco emocionam o cupim na panela (no qual falta sumo; R$ 32), a chuleta (passada demais; R$ 44) e o feijão que vinha na escolta (ralo, pálido, quase triste).

Recupera-se certa alegria com o tutu de feijão e a salada de feijão-fradinho, al dente, com leve acidez e a presença discreta e saborosa de coentro (R$6, a porção).

Segue-se na trégua com a galinha caipira com quiabo e angu (R$ 33), que tem mais graça e nos é tão familiar.

Na outra ponta, o açúcar também soa exagerado nas sobremesas. Mas, para amantes de doces bem doces, valem o brigadeirão e a cocada cremosa (R$ 11 cada um).

O Lambe-Lambe também é, por ora, o restaurante do “tem, mas acabou”. Em todas as ocasiões em que estive na casa, o “acabou” virou resposta padrão. Um banho de água fria. (LF) ONDE r. Aracaju, 239, Higienópolis, tel. (11) 3473-9782 QUANDO de ter. a sáb., das 12h às 23h; dom., das 12h às 17h AVALIAÇÃO regular