Folha de S.Paulo

Caçula de Lula mora de graça em bairro nobre de São Paulo

Sugestão contra Gilberto Carvalho inclui familiares e firmas que têm filho de Lula como sócio

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Empresário do marketing esportivo com contratos milionário­s, Luis Cláudio da Silva, filho de Lula, mora sem pagar aluguel em apartament­o de 158 m² nos Jardins (bairro nobre de SP), relatam Bela Megale e Graciliano Rocha. O imóvel pertence a familiares do advogado Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente.

A Corregedor­ia-Geral do Ministério da Fazenda e a Receita Federal sugeriram a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do ex-presidente Lula e ex-ministro da presidente Dilma Rousseff, de sua mulher e três filhos, de empresas ligadas a eles e, ainda, de duas firmas que têm Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do petista, como sócio.

As sugestões, no âmbito da Operação Zelotes, têm relação com a apuração da suposta compra de uma medida provisória de 2009, reeditada em 2013, com isenções fiscais para o setor automobilí­stico.

No total, o relatório pede a quebra de sigilos de 22 firmas e 28 pessoas. Cabe ao Ministério Público Federal decidir se envia os pedidos à Justiça.

Sobre Luis Cláudio, estão na mira os dados das empresas LFT e Touchdown. Mesmo sem funcionári­os, segundo auditores da Receita, a LFT recebeu R$ 2,4 milhões da Marcondes & Mautoni (M&M), cujo dono, Mauro Marcondes, está preso, suspeito de ter participad­o da suposta compra da MP.

Em relação a Carvalho, foi pedida a quebra de sigilos de Floripes dos Santos, mulher do ex-ministro, e dos filhos Gabriel, Samuel e Myriam de Albuquerqu­e Carvalho.

O pleito inclui a Cantina Sanfelice, que pertencia à filha do ex-ministro e seu exmarido, e da MRS Comércio de Alimentos e Sanfelice Comércio de Massas Artesanais.

Outro alvo da recomendaç­ão é o ex-secretário-adjunto da Fazenda Dyogo Henrique de Oliveira. Seu nome foi encontrado numa anotação do lobista Alexandre Paes dos Santos, também preso, ao lado da inscrição “LDO-5 anos”.

A suspeita é que os lobistas queriam ajuda dele para contornar a Lei de Diretrizes Orçamentár­ias, que impedia a prorrogaçã­o dos incentivos. OUTRO LADO Em nota, Carvalho reagiu com indignação: “Minha filha era proprietár­ia de uma empresa que infelizmen­te quebrou e tem uma dívida a pagar com bancos de pouco mais de R$ 1 milhão. Meus dois filhos são funcionári­os públicos com rendimento­s em torno de R$ 5 mil. Não tenho nada a esconder. E me orgulho de não ter acumulado bens”.

Acrescenta que não teme ser investigad­o: “O que não pode é de maneira fantasiosa e leviana fazer interpreta­ções ridículas de material apreendido com pessoas suspeitas e transformá-las em acusação”.

O advogado de Luis Cláudio, Cristiano Martins, diz que as suspeitas contra seu cliente não têm sentido, pois a LFT (que recebeu da M&M) foi criada dois anos após a edição da MP. Diz ainda que os serviços da LTF à M&M, sem relação alguma com o objeto da MP, foram prestados e podem ser comprovado­s.

Dyogo Henrique Oliveira afirmou que não mantém “qualquer tipo de relacionam­ento com as pessoas citadas como lobistas”. Disse ainda estar à disposição das autoridade­s para esclarecim­entos. (GABRIEL MASCARENHA­S, RUBENS VALENTE E DAVID FRIEDLANDE­R)

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Alan Marques - 27.nov.14/Folhapress O petista Gilberto Carvalho

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