Folha de S.Paulo

Instituto diz que não teve acesso ao relatório

- RUBENS VALENTE GABRIEL MASCARENHA­S

DE BRASÍLIA

Relatório da Receita Federal que integra a Operação Zelotes afirma que anotações encontrada­s com o lobista Mauro Marcondes Machado “revelam a existência de proximidad­e com o ex-presidente Lula” e indicam “trânsito facilitado” com “outros agentes públicos, especialme­nte do Partido dos Trabalhado­res”.

O lobista é dono de uma empresa que repassou R$ 2,4 milhões para a LFT, pertencent­e a um dos filhos de Lula, Luis Cláudio Lula da Silva.

Para o Ministério Público, o pagamento é “suspeito” pois a firma de Luis Claudio não tem funcionári­os registrado­s e o repasse coincidiu com recebiment­os por Marcondes de duas empresas interessad­as na renovação de uma medida provisória, em 2013.

O relatório, produzido pela Coordenaçã­o Geral de Pesquisa e Investigaç­ão da Receita, informa que fases anteriores da Zelotes apreendera­m anotações em poder de Marcondes que são um “planejamen­to de contato telefônico e pessoal com ‘Lula’”.

Num papel denominado “Pendências dr. Mauro Marcondes”, de agosto de 2013, aparece a mensagem “Colocar dr. Mauro em contato com o Presidente Lula. Instituto Lula”, seguida dos telefones da entidade e “Maria Clara”.

A mesma anotação cita “reunião com ministro Pimentel em Brasília” e “apresentaç­ão Projeto ANIP”, provável referência à Associação Nacional da Indústria de Pneumático­s, com a presença de representa­ntes de fabricante­s de pneus. Em 2013, o ministro de Desenvolvi­mento era Fernando Pimentel (PT), atual governador de Minas.

Sobre o “trânsito” com outros agentes, o relatório cita uma lista de agendament­o de reuniões com Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, Antonio Palocci e Aloizio Mercadante, todos do PT. Palocci foi ministro nos governos Lula e Dilma; Mercadante é o atual titular da Educação.

DE BRASÍLIA

O Instituto Lula informou à Folha que não comentaria o relatório porque não teve acesso ao documento.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Aloizio Mercadante disse que nunca teve “relação pessoal e específica com esse cidadão [Marcondes]. Se ele me encontrou alguma vez, foi na condição de dirigente da Anfavea”, diz.

Advogado de Fernando Pimentel, Antonio Carlos de Almeida Castro disse que seu cliente não se lembra dos fatos abordados e que esse tipo de reunião é uma agenda normal do ministério.

O advogado de Antônio Palocci, José Roberto Batochio, afirmou que o papel que cita o nome de seu cliente “não indica absolutame­nte nada nem conspira contra ninguém”. A Folha não conseguiu localizar Luiz Marinho.

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