Instituto diz que não teve acesso ao relatório
DE BRASÍLIA
Relatório da Receita Federal que integra a Operação Zelotes afirma que anotações encontradas com o lobista Mauro Marcondes Machado “revelam a existência de proximidade com o ex-presidente Lula” e indicam “trânsito facilitado” com “outros agentes públicos, especialmente do Partido dos Trabalhadores”.
O lobista é dono de uma empresa que repassou R$ 2,4 milhões para a LFT, pertencente a um dos filhos de Lula, Luis Cláudio Lula da Silva.
Para o Ministério Público, o pagamento é “suspeito” pois a firma de Luis Claudio não tem funcionários registrados e o repasse coincidiu com recebimentos por Marcondes de duas empresas interessadas na renovação de uma medida provisória, em 2013.
O relatório, produzido pela Coordenação Geral de Pesquisa e Investigação da Receita, informa que fases anteriores da Zelotes apreenderam anotações em poder de Marcondes que são um “planejamento de contato telefônico e pessoal com ‘Lula’”.
Num papel denominado “Pendências dr. Mauro Marcondes”, de agosto de 2013, aparece a mensagem “Colocar dr. Mauro em contato com o Presidente Lula. Instituto Lula”, seguida dos telefones da entidade e “Maria Clara”.
A mesma anotação cita “reunião com ministro Pimentel em Brasília” e “apresentação Projeto ANIP”, provável referência à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, com a presença de representantes de fabricantes de pneus. Em 2013, o ministro de Desenvolvimento era Fernando Pimentel (PT), atual governador de Minas.
Sobre o “trânsito” com outros agentes, o relatório cita uma lista de agendamento de reuniões com Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, Antonio Palocci e Aloizio Mercadante, todos do PT. Palocci foi ministro nos governos Lula e Dilma; Mercadante é o atual titular da Educação.
DE BRASÍLIA
O Instituto Lula informou à Folha que não comentaria o relatório porque não teve acesso ao documento.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Aloizio Mercadante disse que nunca teve “relação pessoal e específica com esse cidadão [Marcondes]. Se ele me encontrou alguma vez, foi na condição de dirigente da Anfavea”, diz.
Advogado de Fernando Pimentel, Antonio Carlos de Almeida Castro disse que seu cliente não se lembra dos fatos abordados e que esse tipo de reunião é uma agenda normal do ministério.
O advogado de Antônio Palocci, José Roberto Batochio, afirmou que o papel que cita o nome de seu cliente “não indica absolutamente nada nem conspira contra ninguém”. A Folha não conseguiu localizar Luiz Marinho.