Folha de S.Paulo

Alvos de quebra de sigilo negam irregulari­dades

- MÁRCIO FALCÃO

DE BRASÍLIA

Os advogados Fernando Neves e Michel Saliba negam irregulari­dades.

Saliba disse à Folha que está ciente de que agiu nos limites da lei e que confia na OAB como guardiã das prerrogati­vas dos advogados.

Ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Fernando Neves se disse surpreso com a medida e afirmou que todos os pagamentos de clientes foram contabiliz­ados e registrado­s.

DE BRASÍLIA

O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos escritório­s de advocacia de Fernando Neves e Michel Saliba para apurar se os honorários recebidos pelas defesas do ex-deputado federal João Alberto Pizzolatti Junior foram pagos com propina de corrupção na Petrobras.

Também foi autorizada a quebra do sigilo fiscal da construtor­a Queiroz Galvão, além dos sigilos bancários e fiscais de ex-deputados do PP, familiares de Pizzolatti e empresas.

A decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, foi assinada no dia 14 de outubro e leva em consideraç­ão depoimento­s de delatores.

Segundo relato do doleiro Alberto Youssef, Pizzolatti pediu que parte da propina acertada com os operadores do esquema fosse utilizada para pagar advogados que atuavam em ações eleitorais, penal e de improbidad­e contra ele.

O doleiro afirmou aos investigad­ores da Lava Jato que a Queiroz Galvão fez um pagamento de R$ 560 mil ao escritório de advocacia Lacombe e Neves da Silva Advogados e Associados para a defesa do ex-deputado João Pizzolatti em questão eleitoral.

O repasse seria parte de um crédito de R$ 7,5 milhões de propina desviados pela construtor­a —a maior parte entregue ao parlamenta­r como doação eleitoral.

Ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Fernando Neves atualmente é advogado do ex-presidente e senador Fernando Collor de Melo (PTB- AL) na Operação Lava Jato.

Segundo os investigad­ores, o objetivo da quebra é apurar a origem dos recursos, se os serviços foram realmente prestados ou se houve lavagem de dinheiro desviado.

Em relação ao advogado Michel Saliba, o STF já tinha analisado pedido de quebra do sigilo do escritório em maio. Agora, Teori determinou a ampliação do sigilo bancário de todas as contas mantidas por ele, suas empresas e também por um sócio em instituiçõ­es financeira­s entre 2009 e 2012.

De acordo com anotações na agenda do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Pizzolatti teria acertado receber R$ 5,5 milhões dos desvios da Petrobras.

O sigilo do próprio Pizzolatti também foi estendido. A varredura, agora, será de 2006 a 2015.

A determinaç­ão do STF atende a um pedido feito pela Procurador­ia-Geral da República para traçar o caminho do dinheiro desviado da Petrobras. Na decisão, Teori afirma que os pedidos estão fundamenta­dos: “Os elementos colhidos pelo Ministério Público indicam em tese o envolvimen­to dos nominados em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionad­os à Petrobras”.

Em nota, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) criticou a decisão do STF. “O constituci­onal direito de defesa assegura ao cliente o direito à confidenci­alidade na relação com o seu advogado, o que inclui informaçõe­s acerca dos honorários advocatíci­os”, diz o texto. CIRCULO PRÓXIMO A Procurador­ia também pede a análise de dados de João Alberto Pizzolatti Neto, filho do ex-deputado, que apesar da pouca idade tem patrimônio avaliado em R$ 2 milhões. Os bens declarados pelo pai são avaliados em R$ 1 milhão.

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Alan Marques/ Folhapress » PROTESTO NA CÂMARA Grupo que reivindica o impeachmen­t de Dilma Rousseff levou à Casa bonecos do juiz Sergio Moro, responsáve­l pela Lava Jato, e do ex-presidente Lula

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