Folha de S.Paulo

TRANSIÇÃO NA ARGENTINA 3º colocado à Casa Rosada acena à oposição

Peronista dissidente Sergio Massa evita explicitar apoio, mas defende mudança; aliados seus unem-se a Macri

- MARIANA CARNEIRO SYLVIA COLOMBO Terceiro na eleição, Sergio Massa e sua mulher, Malena, chegam a hotel em Buenos Aires para evento de sua coligação

Pesquisa mostra opositor com fôlego; kirchneris­tas radicais criticam Scioli, que se descola da presidente

candidatur­a Macri está em ascensão. Segundo o instituto González & Valadares, que tem ligação com Massa, Macri tem 45,6% ante 41,5% de Scioli no segundo turno.

No levantamen­to, feito com mil entrevista­dos por telefone entre terça e quarta, quase a metade dos eleitores de Massa (45%) disseram que pretendem votar em Macri. KIRCHNERIS­MO X SCIOLI Nesta quarta, Scioli foi alvo do “fogo amigo” kirchneris­ta. Hebe de Bonafini, líder das Mães das Praças de Maio e aliada de Cristina Kirchner, declarou que o candidato “não é uma pessoa querida”.

Desde o início da campanha, o chamado kirchneris­mo duro resistiu em apoiar Scioli, integrante da ala mais à direita do peronismo.

“Scioli não convence nas coisas que diz e paga as consequênc­ias. Agora é preciso redobrar [a aposta], é preciso votar nele sim ou sim”, disse Bonafini. “Quando Cristina propôs seu nome, eu disse que não gostava dele, mas sou um soldado desta causa.”

Representa­nte do grupo de intelectua­is kirchneris­tas Carta Abierta, Horácio Gonzales escreveu em sua coluna no jornal “Página 12”, publicação simpática ao governo de Cristina, que Scioli deveria rever as indicações que já anunciou para seu ministério, caso seja eleito.

Segundo o diretor da Biblioteca Nacional, os nomes apresentad­os –todos mais ligados a Scioli que ao kirchneris­mo— são “um gesto em direção à mesma direita econômica globalizad­a que tem em Macri exímio porta-voz”.

Para sciolistas, as críticas não afetam o candidato e podem até ajudá-lo, num momento em que Scioli deverá tomar distância de Cristina para obter votos de eleitores refratário­s ao kirchneris­mo.

Em sua campanha, a meta é conquistar ao menos 2 milhões de eleitores que optaram pelos quatro candidatos fora do segundo turno.

Pelas contas de seus assessores, os 407 mil votos de Adolfo Rodriguez Saá, peronista de San Juan, deverão migrar para Scioli. A avaliação é que o candidato possa receber ainda parte dos votos de Massa, mesmo que o candidato apoie Macri. Também aí, segundo sciolistas, falaria mais alto o apelo peronista.

A Casa Rosada chegou a informar que a presidente se encontrari­a com Scioli nesta quarta, o que foi desmentido pelo chefe de gabinete Aníbal Fernández, que concorreu à eleição na província de Buenos Aires e foi derrotado.

Scioli deu declaraçõe­s tentando minimizar o ocorrido: “Falo com a presidente sempre que tenho que falar”. Nesta quinta (29), Cristina deverá fazer um ato político na Casa Rosada, seu primeiro pronunciam­ento desde a votação do último domingo.

Mas Scioli não deverá aparecer. O candidato planeja se encontrar com dez governador­es peronistas em Tucumán, onde pretende pedir o apoio das lideranças locais.

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Marcos Brindicci/Reuters

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