Cessar-fogo com Farc pode chegar no Ano Novo, diz Colômbia
Medida poderá ser tomada se houver acordo sobre último ponto da lista de conversações
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta quarta (28) estar confiante de que terá condições de anunciar um cessar-fogo com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) a partir do Ano Novo se o quinto e último ponto da agenda das conversações de paz for concluído.
O governo e os líderes das Farc fazem negociações de paz em Havana (Cuba) desde o final de 2012 para acabar com 51 anos de guerra. Três itens já foram acordados.
As Farc anunciaram um cessar-fogo unilateral em julho, mas o governo tem mantido ataques terrestres, apesar de ter interrompido as operações aéreas.
Santos se recusou a adotar atitude recíproca sobre o cessar-fogo, uma vez que em negociações passadas os rebeldes se aproveitaram das condições de paz para remontar suas forças e se rearmar.
“Até 31 de dezembro, faremos um esforço para que, por exemplo, possamos terminar o ponto cinco e, assim, declarar um cessar-fogo bilateral e internacionalmente verificável a partir de 1º de janeiro”, afirmou o presidente. 23 DE MARÇO Recentemente, o governo colombiano e as Farc estabeleceram um prazo até 23 de março de 2016 para que cheguem a um acordo final, quando o texto seria então apresentado aos eleitores da Colômbia para ratificação.
Apesar de a maioria dos colombianos estar ansiosa pelo fim de uma guerra que já matou mais de 220 mil pessoas e forçou milhões a sair de casa, muitos temem que os membros das Farc ingressem, então, em quadrilhas do crime organizado.
Em 2007, o líder estudantil Ricardo Sánchez foi um dos maiores expoentes da bemsucedida campanha que selou a vitória do “não” no referendo constitucional com o qual o então presidente Hugo Chávez queria multiplicar seus poderes na Venezuela.
Desde então, porém, o jovem político foi tomando distância da oposição até aderir de vez, no dia 15 de agosto, ao Grande Polo Patriótico, coalizão chavista do governo.
Aos 32 anos, Sánchez é hoje deputado pelo Estado de Miranda. Ele ocupa o cargo desde que a titular, a opositora radical María Corina Machado, foi destituída em 2014.
Em conversa de uma hora e meia com a Folha, Sánchez negou ser oportunista ou traidor e acusou a oposição de ser golpista e irresponsável. Folha - Como passou de líder estudantil opositor a chavista?
Ricardo Sánchez - Entrei na políticacomolíderestudantil. Em 2007, tornei-me conhecido nacionalmente por liderar o movimento contra o fechamento da RCTV e pelo “não” no referendo constitucional. Até hoje, é a única eleição nacional em que a oposição derrotou o chavismo. Como era sua relação com María Corina quando o senhor era seu suplente? Mas por que continuou na oposição até agosto deste ano?
Não com a oposição, mas com uma terceira via. Nossa ideia era que a oposição não contribuía de forma positiva para o país. É a única oposição que se diz democrática, mas apoiou um golpe de Estado [contra Chávez, em 2002].