Folha de S.Paulo

Antes de Marin, só traficante foi extraditad­o

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DE SÃO PAULO

A súbita decisão de José Maria Marin de aceitar a extradição-relâmpago da Suíça para os Estados Unidos facilita obtenção de benefícios no processo americano sobre o esquema de corrupção na Fifa.

O tratado de extradição Washington-Berna oferece muito pouca margem de manobra para acusados e condenados. Únicas recusas previstas são: crimes políticos ou militares e sonegação de impostos.

Como nenhum deles se aplica aos cartolas da Fifa, advogados suíços ouvidos pela Folha afirmam que pode ser mais negócio obter acordos que permitam responder em prisão domiciliar nos Estados Unidos do que propriamen­te tentar melar a extradição.

Ganhar o direito de responder processo longe de uma cela americana pode custar alguns milhões de dólares em multas (leia mais ao lado).

Extradiçõe­s de brasileiro­s para os EUA são raras. Antes de Marin, só havia ocorrido com o traficante Ivan Marques Mesquita, um atacadista de cocaína preso no Paraguai em 2004.

Mandado pelos paraguaios aos Estados Unidos no ano seguinte, Mesquita fez um acordo em que admitiu trocar armas por cocaína em área controlada pelas Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia). Foi libertado em 2010.

Voltou ao Brasil e foi preso em junho deste ano sob nova suspeita de tráfico.

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