Impasse sobre trajeto provoca confronto em ato contra tarifa
Confronto começou após impasse de Passe Livre e PM sobre trajeto do protesto; houve nove feridos
O quinto ato expressivo contra a alta das tarifas de transporte em São Paulo terminou com bombas, correria e ao menos nove feridos. O confronto teve início quando manifestantes resistiram à obstrução da PM, que alegou não ter sido informada a tempo sobre o trajeto.
Policiais militares dispararam dezenas de bombas e balas de borracha após garrafas serem lançadas
Bombas, correria no centro de São Paulo e pelo menos nove feridos. O quinto protesto do MPL (Movimento Passe Livre) contra a alta da tarifa de ônibus, trens e metrô voltou a acabar em confusão nesta quinta (21).
O estopim do tumulto ocorreu por volta das 21h30, na praça da República, após impasse com a Polícia Militar sobre a rota da manifestação.
Manifestantes tentaram passar por um bloqueio feito pela PM, que não permitiu um trajeto diferente do proposto pela corporação. Garrafas foram lançadas em direção aos policiais, que dispararam dezenas de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. Só num intervalo de 37 segundos, foram 21 explosões.
Depois disso, os policiais seguiram os manifestantes, que se dispersaram em ruas nas imediações da praça.
Entre os feridos havia pessoas atingidas por balas de borracha e por estilhaços de bomba. Até a conclusão desta edição, não havia informações sobre policiais feridos.
Na av. São João, policiais entraram em um prédio em busca de manifestantes, que espalharam lixo por vias do centro. Uma agência do Banco do Brasil foi depredada.
O protesto teve início no terminal de ônibus Parque Dom Pedro, no centro, que foi fechado pela prefeitura durante a concentração do ato, obrigando passageiros a fazerem longas caminhadas em busca de transporte. Estações de metrô também foram fechadas durante a confusão.
Os manifestantes queriam seguir até a Assembleia Legislativa, na zona sul, passando pela Secretaria Estadual de Transportes e pela Câmara.
A Secretaria da Segurança Pública, porém, barrou a rota com a justificativa de que que não houve aviso com antecedência para organizá-la. Disse ainda que havia outra manifestação, de vans escolares, no trajeto. O Passe Livre divulgou as ruas só duas horas antes da concentração.
“Nós bloquearemos o caminho. Se houver agressão, teremos que reagir”, disse, no início do ato, o tenente-coronel Henrique Motta, comandante da operação, que sugeriu outro trajeto, com término na praça da República. A manifestação de terça (19) havia terminado sem registro de confrontos. Na semana passada, porém, os dois maiores atos promovidos pelo Passe Livre foram marcados por confusão —no dia 14, com a ação de “black blocs” (que defendem a depredação de patrimônio público e privado), e, no dia 12, com a repressão policial logo no começo do protesto.
“O que ocorreu foi um ataque sistematizado e estratégico pelas forças que detêm o monopólio da violência contra pessoas comuns”, disse uma nota do MPL. A PM não se pronunciou.
Sangrando muito na cabeça, o manifestante André Aquino disse ter sido atingido por um estilhaço de bomba na testa na praça da República. Próximo dali, na rua Dom José de Barros, socorristas atendiam outros feridos.
“Vi que ia ter disparo de bomba, fui tentar correr, mas fui atingido na perna”, disse o cinegrafista Juliano Vieira, da TV Drone. Um estudante de 17 anos da escola Fernão Dias Paes foi atingido por um estilhaço no tornozelo.