País perde mais de 1,5 milhão de vagas formais em 2015
Resultado foi o pior de levantamento, que começa em 1992; demissões superam contratações pela 1ª vez desde 1999
O Brasil fechou 1,5 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada em 2015, o pior resultado desde 1992, ano mais antigo dos dados do Ministério do Trabalho. O saldo negativo, liderado por indústria e construção civil, praticamente anula o ganho com contratações dos dois anos anteriores.
Redução de emprego ocorreu em todos os Estados e praticamente anulou saldo positivo dos dois anos anteriores
Mais de 1,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada foi fechado no ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta (21) pelo Ministério do Trabalho.
A redução de vagas ocorreu em todos os Estados do país e praticamente anulou o saldo positivo de contratação dos dois anos anteriores.
Não há registro de pior resultado nas estatísticas oficiais, que remontam a 1992. Foi a primeira vez em que as demissões superaram as contratações desde 1999.
A indústria de transformação foi o setor que mais cortou vagas. Foram 608,8 mil vagas fechadas.
Na construção civil, afetada pelo envolvimento de grandes empreiteiras na Ope- ração Lava Jato, foram encerrados 416,9 mil postos.
SÓ NO CAMPO
A agricultura foi o único setor a apresentar saldo positivo de vagas, com a criação de 9.821postos.
A queda no emprego foi maior nas regiões com mais indústrias e formalização do trabalho. São Paulo fechou 466 mil vagas. Minas, 196 mil, e Rio de Janeiro, 183 mil.
Em dezembro, houve um saldo negativo de 596 mil postos de trabalho no país, movimento puxado pelas demissões dos trabalhadores contratados temporariamente para atender à demanda de fim de ano.
VALE
Para o ministro Miguel Rossetto (Trabalho), as vagas perdidas em 2015 não desestruturam o mercado de trabalho e não depredam consideravelmente o “estoque” de empregos criados antes.
“Se tivemos um ano difícil em 2015, preservamos as conquistas importantes dos últimos anos em relação à am- pliação forte do mercado de trabalho.”
Segundo Rossetto, 2015 foi um “vale” e este ano já será de recuperação, a despeito da prevista retração na atividade econômica, da inflação alta e da baixa demanda.
O ministro acredita na expansão do crédito, na retomada das exportações, na recuperação dos mercados antes ocupados por importações, nas concessões e na terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida para garantir um melhor resultado neste ano.
PERDAS
Os salários médios de admissão tiveram uma queda de 1,64% no ano passado, considerada a inflação, passando a R$ 1.270,74.
A queda foi maior para os homens, de 2,28%, pela forte presença masculina nos setores mais afetados pela baixa contratação e demissões. Para as mulheres, a queda foi de 0,34%.
Apenas no Distrito Federal (5,39%) e no Amapá (0,96%) houve aumento real no salário de admissão.
O QUE FOI
Queda na demanda por bens e serviços agravou a situação das empresas em 2015 e fez as demissões de trabalhadores com carteira assinada superarem as contratações em 1,5 milhão. Retração foi maior no setor industrial; só houve criação de vagas na agricultura
O QUE É
> Resultado foi o pior do levantamento, feito desde 1992 pelo Ministério do Trabalho
> Pela primeira vez desde 1999, saldo de vagas formais foi negativo
> Destruição de empregos ocorreu em todos os Estados e praticamente anulou ganhos de 2013 e 2014
O QUE SERÁ
A perspectiva de mais um ano de recessão aponta para mais demissões, principalmente na indústria