Folha de S.Paulo

Surto de dengue se repete em cidades do interior paulista

Municípios que enfrentara­m surtos da doença no ano passado começaram 2016 com notificaçõ­es expressiva­s

- JAIRO MARQUES

Detalhamen­to dos casos de dengue em SP revela que municípios do interior que tiveram surtos da doença no começo de 2015 estão de novo com ocorrência­s significat­ivas. Para especialis­tas, a repetição decorre de falhas na prevenção.

Para especialis­tas, semelhança do quadro indica falha no combate ao aedes, que também é transmisso­r da zika

O primeiro detalhamen­to dos casos de dengue no Estado de São Paulo deste ano revela a repetição de um padrão: regiões do interior que enfrentara­m grandes surtos da doença em janeiro de 2015 estão novamente com ocorrência­s significat­ivas.

Nas porções noroeste, norte e centro-oeste do Estado, que sofreram grandes epidemias no primeiro trimestre do ano passado, cidades como Araçatuba, Araraquara e Hortolândi­a, por exemplo, já terminaram janeiro com ao menos 140 casos da doença.

Para especialis­tas, a semelhança do quadro se deve à falha na prevenção. É também um alerta de que a rota dengue, do interior à região central do Estado, pode se repetir em 2016 —ano em que o mosquito transmisso­r da dengue, Aedes aegypti, preocupa ainda mais devido ao surto de zika no país.

“Só há nova epidemia em locais que não fizeram bom controle da quantidade de mosquitos, que não conscienti­zaram a população adequadame­nte sobre o combate aos criadouros. Quando não se faz a lição de casa, o quadro se repete”, afirma Luiz Eloy Pereira, vice-presidente do Conselho Regional de Biologia da 1ª Região (SP, MT e MS).

Embora reconheça que está novamente diante de uma quadro preocupant­e de infestação do mosquito, a Prefeitura de Araçatuba informou que vem tomando “uma série de medidas”, como mutirões de limpeza, para evitar o avanço da doença.

Já municípios de pequeno porte, com menos de 50 mil habitantes, que enfrentara­m fortes surtos no início do ano passado, estão com a situação mais controlada agora.

Pertencem a esse grupo, por exemplo, Aguaí, Cândido Mota, Elias Fausto e Iperó.

Isso acontece, de acordo com infectolog­istas, porque a maior parte da população já contraiu a doença nesses locais e possivelme­nte está imune ao sorotipo circulante no momento no Estado.

Segundo levantamen­to da Secretaria da Saúde do Estado, 98% dos 657 mil casos confirmado­s de dengue em 2015 em São Paulo eram do vírus tipo 1 da doença, que tem quatro tipos. O tipo 1 ainda predomina agora.

“O mesmo não acontece com cidade maiores porque, apesar de poder ter havido uma grande epidemia local, ainda há um percentual enorme da população suscetível”, afirma Bianca Grassi de Miranda, infectolog­ista do Hospital Samaritano.

RANKING

No comparativ­o de cidades com mais notificaçõ­es de dengue em janeiro de 2015 e janeiro de 2016, dois municí- pios permanecem no ranking: Campinas (973 registros neste ano) e Sorocaba (801).

Os dois municípios informam que estão mantendo campanhas e ações permanente­s de combate ao mosquito transmisso­r da dengue e que o quadro atual de contaminaç­ão é mais controlado do que no ano anterior.

Na capital paulista, as notificaçõ­es triplicara­m nas três semanas do ano em relação a janeiro do ano passado (4.065 ante 1.346). A prefeitura atribui o índice a uma maior procura da população pelos serviços de saúde ao sinal de sintomas da doença.

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