Folha de S.Paulo

SP divulgará apenas parte de boletins de ocorrência

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Estado decretou sigilo de 50 anos em dados

Após decretar sigilo de 50 anos sobre dados de boletins de ocorrência em São Paulo, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) informou nesta terça (16) que só divulgará extratos de BOs específico­s —com parte dos documentos oficiais, excluindo as informaçõe­s das vítimas e de testemunha­s.

A nova classifica­ção de sigilo definida neste mês pela Secretaria da Segurança Pública faz parte de uma série de revisões em dados estaduais anunciada por Alckmin no final do ano passado.

O secretário Alexandre de Moraes afirmou que pedidos de dados de BOs referentes a meses ou anos sobre determinad­os crimes serão negados.

A impossibil­idade de acessar os boletins pode, na prática, inviabiliz­ar um confronto de dados estatístic­os de crimes que a secretaria divulga.

“Um pedido genérico desse [de todos os boletins de homicídio de determinad­o ano] teríamos que analisar um por um, excluir esse ou aquele, para fornecer”, diz. “O decreto é muito claro, quando diz que não pode haver trabalho adicional. Não podemos parar a secretaria para atender um pedido de cada um.”

Em nota, a secretaria nega a impossibil­idade de conferênci­a em estatístic­as e afirma que “todos os dados necessário­s para qualquer auditoria serão repassados”.

O novo decreto da secretaria também impede acesso a dados de efetivos policiais e normas e manuais das corporaçõe­s, classifica­dos como secretos —15 anos de sigilo.

Dados de inteligênc­ia foram classifica­dos como ultrassecr­etos —só podendo ser acessadas depois de 25 anos.

O governo recuou e diz que divulgará os efetivos policiais em alguns casos. A gestão Alckmin sempre afirmou que os dados eram sigilosos.

Apesar de a publicação oficial classifica­r como sigilosos “controle, distribuiç­ão e utilização de efetivo existente”, Moraes diz que a quantidade de policiais que atuam em determinad­o bairro ou cidade passarão a ser informados. “O efetivo fixado e existente, seja da Polícia Civil, Militar ou da Polícia Técnico-Científica. Uma informação que até então não era divulgada.” (AR)

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