Bairros ‘verdes’ também reivindicam veto a bares
Moradores querem alterar proposta de zoneamento que começa a ser discutida
Mudança já feita em texto beneficiou áreas nobres como Jardins e Pacaembu; relator diz que analisa pedidos
Após a gestão Fernando Haddad (PT) aceitar vetar bares e restaurantes em áreas nobres como Jardins e Pacaembu, outros bairros que são considerados reservas verdes e culturais da cidade exigem a mesma regra.
Para serem contemplados pela mudança, associações de moradores dos bairros Sumarezinho, Alto de Pinheiros (zona oeste), Jardim Marajoara, Jardim da Saúde, Planalto Paulista (sul) e da região da Cantareira (norte) tiveram reuniões com o relator da lei de zoneamento, vereador Paulo Frange (PTB).
Ele diz que pode haver acordo para estender a mudança no texto da proposta, em discussão na Câmara Municipal, a essas regiões.
Bairro com ruas cercadas por jardins distribuídos em calçadas largas e praças, o Jardim Marajoara tem atualmente o grupo mais “barulhento” de moradores contrários aos comércios. Eles já levaram a vereadores cerca de 2.000 assinaturas que pedem a manutenção do perfil estritamente residencial.
“Por que não podemos ter o mesmo benefício dos Jardins? O Jardim Marajoara se encaixa nos mesmos moldes. Aqui é um parque aberto, que consideramos o pulmão da região de Santo Amaro”, diz Claudia Maksoud, porta-voz da associação de moradores.
Conforme a Folha revelou na segunda (15), o texto da lei de zoneamento foi alterado a uma semana das discussões para a segunda votação depois de forte lobby de associações de moradores.
Os debates em torno do novo texto começam nesta quarta (17). Agora, a proposta prevê proibir restaurantes, bares e bufês em regiões como Jardins, Pacaembu e City Lapa, áreas nobres da zona oeste da que são tombadas por suas características históricas, arquitetônicas e de vegetação.
A mudança, porém, vale só para as três subprefeituras onde estão esses bairros.
‘SUFICIENTE’
Planejado nos anos 1950, o Jardim Marajoara é estritamente residencial. Tem ruas largas com casas para somente uma família. Quem mora ali diz ser frequente a aproximação de pássaros como o pica-pau nas vias arborizadas.
O bairro tem apenas 436 imóveis, segundo Maksoud. “Fizemos um levantamento que mostra que há 36 restaurantes muito próximos daqui. Também temos três redes de supermercado ao nosso lado. Já é suficiente”, disse ela.
Outro grupo que pressiona vereadores e a prefeitura é o do Planalto Paulista, bairro da zona sul onde Haddad tem um imóvel. Eles dizem que a aprovação da primeira versão do projeto, no ano passado, ignorou os moradores.
O relator afirma que os pleitos dos bairros estão sendo analisados e serão debatidos ao longo desta semana, já que a votação só deve ocorrer na semana que vem.
Em nota, a prefeitura disse que revisão participativa da lei está em curso.