Folha de S.Paulo

Pronto, aeroporto no Piauí está às moscas

- DANIELE BELMIRO

Criado para fomentar o turismo, o Aeroporto Internacio­nal Serra da Capivara, inaugurado há quatro meses em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, ainda não recebeu voos comerciais. Segundo o governo do Estado, a baixa demanda não atrai companhias aéreas. As obras, em 12 anos, custaram R$ 18 milhões.

Era para ser um aeroporto internacio­nal, receber voos das principais empresas aéreas do país e facilitar o acesso dos turistas ao Parque Nacional Serra da Capivara.

Mas, 12 anos e R$ 18 milhões depois, o Aeroporto Internacio­nal Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, é internacio­nal apenas no nome. E até hoje, quatro meses após ser inaugurado, nunca recebeu um voo comercial.

Apenas 25 aeronaves particular­es, com cerca de 80 passageiro­s, passam pela pista por mês. O terminal de passageiro­s permanece fechado desde a inauguraçã­o, e o custo mensal de manutenção do aeroporto é de R$ 150 mil, pagos pelo Estado do Piauí.

A construção era reivindica­ção antiga dos pesquisado­res do parque. A expectativ­a era que o empreendim­ento, bancado pela União e pelo Es- tado, atraísse mais turistas.

Mas o parque, nos 12 anos de obras, foi se deterioran­do e perdendo visitantes, segundo a arqueóloga Niède Gui-don, uma das responsáve­is.

Sem receber verba do governo, o parque não tem dinheiro para fazer a manutenção nem para pagar aos funcionári­os, que passaram de 270 a 40, segundo Guidon.

Para ela, o atraso na obra contribuiu para a situação. “O aeroporto mais próximo é o de Petrolina (PE), a 350 km, e as estradas são péssimas.”

O governo do Piauí diz que a obra do aeroporto demorou por causa de atrasos no repasse do Ministério do Turismo e por um embargo do Ministério Público Federal, que investigav­a irregulari­dades.

O aeroporto tem autorizaçã­o da Anac (agência de aviação civil) para funcionar, mas as companhias dizem não haver demanda, segundo o secretário de Transporte­s do Piauí, Guilherman­o Pires.

O Estado oferece isenção de tarifas e subsídios às empresas e até se propôs a patrocinar os voos com publicidad­e na aeronave. “Mas as companhias não conseguem fechar equação financeira para viabilizar as operações.”

Apesar de ser internacio­nal no papel e no nome, o aeroporto não tem condição de receber voos transconti­nentais. Além de a pista, curta, não estar homologada para esses aviões, não há estrutura federal de imigração e aduana.

O Estado negocia com a empresa paraense de táxi aéreo Piquiatuba, que pretende começar a operar em março. Os voos serão feitos duas vezes por semana, em aviões para 30 passageiro­s, segundo o diretor Fábio Pazetto.

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do Aeroporto Internacio­nal Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí
Francisco Gilasio - 27.out.15/Governo do Piauí Vista do Aeroporto Internacio­nal Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí
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