Retrospectiva exibe obras raras e clássicas dos irmãos Dardenne
Mostra leva filmes dos cineastas belgas a São Paulo, Rio e Brasília
Começa nesta quarta (17) a mostra “Cinema Humanista”, retrospectiva da obra dos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, que traz, simultaneamente, a São Paulo e ao Rio, filmes clássicos e raros dos cineastas.
Até o dia 7 de março, além deficçõesmaisconhecidas,como“ACriança”(2005),ganhadora da Palmade OurodoFestival de Cannes, será possível assistir a média-metragens documentais da década de 1970, início da carreira dos irmãos.
Com forte temática social e principalmente proletária, as obras tratam, por exemplo, de um jornal operário clandestino mantido em uma fábrica belga, em “Para Dar Fim à Guerra os Muros Precisam Cair”, de 1980 (veja ao lado).
“Esses longas têm pouca circulação até no exterior, e aqui nunca vi quem os conhecesse”, diz a curadora, a ci- neasta Caru Alves de Souza.
Estão presentes também as duas primeiras ficções dos diretores, conhecidos pelo naturalismo intenso de suas obras. Raros, tanto “Falsch” quanto “O Mundo Corre” (ambos de 1987) são, afirma Caru,“o opostodoquefizeramdepois”.
“São produções com um grande investimento, que focam o cenário e não os personagens”, afirma. “Em comum com os outros, só a temática social”, explica ela.
Foi pela má reação de público e crítica a esses dois primeiros filmes que os irmãos teriam voltado à estética de seus documentários, menos produzidos e mais concentrados no drama humano.
A epítome desse retomada pode ser vista em “Rosetta”, de 1999, primeiro longa dos diretores a ganhar a Palma de Ouro. O drama que conta a história de uma jovem pobre (Émilie Dequenne) é realizado por meio de um minimalis- mo narrativo que explora pouco o cenário e muito a atriz.
Uma outra face dos irmãos também está contemplada: o trabalho como produtores ganha espaço na programação com“FerrugemeOsso”(2012), de Jacques Audiard, que tem Marion Cotillard no elenco.
“Mesmo que não sejam esteticamente parecidos, os filmes que eles produzem sempre têm algo a ver com sua própria filmografia”, diz a curadora. “Eles não produzem nada só por produzir.”
Em Brasília, a retrospectiva começou há uma semana e vai até o próximo dia 29. QUANDO até 7/3 (programação em www.culturabancodobrasil.com.br) ONDE CCBB, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651 (SP); r. Primeiro de Março, 66, tel. (21) 3808-2020 (Rio); SCES Trecho 2, Lote 22, tel. (61) 3108-7600 (BSB) QUANTO R$ 4