La Peruana, nos Jardins, acerta ao mostrar sabores em ‘estado bruto’
Comemoremos: o La Peruana, nos Jardins, sai-se bem na tentativa de mostrar ao público uma cozinha do Peru em estado bruto —feita por nativos, que privilégio.
Boa amostra para começar é o mix de causas (R$ 23), cuja receita é uma das mais antigas daquele país. Sobre uma base de batata amassada com espinafre, limão e pimenta, acomodam-se frango desfiado, ovo e fios crocantes de batata-doce. Em outra versão, uma pasta densa de azeitonas com mel faz companhia à causa de polvo —mas falta certo arrojo ao ponto do molusco, macio demais, sem a firmeza que lhe é característica.
Também é chocho o lagostim do ceviche misto (R$ 32), com peixe branco do dia, polvo, lula e mandioca.
No entanto, é um acerto a escolha em manter vibrante a acidez e a picância da receita original (e viva o coentro sem economia, ame ou odeie), intenso e leitoso.
No ceviche La Peruana (R$ 31), bocados de purê de batata-doce, com laranja e especiarias, dão graça ao mix de peixe, camarão e lula empanada.
Na ala quente, o lomo saltado (R$ 39) representa a cozinha peruana com influência chinesa. São pedaços de filémignon avermelhados, suculentos e defumados, embalados em um molho potente e espesso, com shoyu, à semelhança do rôti, uma beleza.
Em atmosfera alegre, também valem os drinques (à base de pisco) e as sobremesas (típicas e bem-feitas).
Que fique o registro: quem toca a operação é a jovem Marisabel Woodman —só 28 anos?, a gente se pergunta. Pois, veja, num fôlego só, pode-se dizer: nasceu no norte do Peru, cresceu a comer peixes recém-tirados do mar e a observar sua avó na cozinha (uma avó que comprava o peru vivo para os Natais).
Estudou culinária em Paris e trabalhou com figurões como Alain Ducasse, na França, Alex Atala, no Brasil, e Virgilio Martínez, no Peru.
Pois em São Paulo abriu um food truck e, com extrema habilidade, foi capaz de levar ao seu restaurante a informalidade e a boa comida que lhe fizeram fama na rua.
LA PERUANA CEVICHERIA
ONDE al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista; tel. (11) 3885-0148 QUANDO de ter. a sex., das 12h às 15h e das 19h às 23h; sáb., das 12h às 23h; dom., das 12h às 16h AVALIAÇÃO bom