GOVERNO SITIADO Brasília registra protestos dos dois lados e confrontos
Após posse de Lula, grupos pró e contra Dilma se enfrentam em frente ao Planalto
Manifestantes saem às ruas em ao menos 21 capitais; são registrados bloqueios em oito estradas de três Estados
Pelo segundo dia consecutivo, a praça dos Três Poderes e o gramado do Congresso Nacional, em Brasília, foram ocupados pormilhares depessoas contrárias ao governo Dilma.
Houve confronto entre os manifestantes e os policiais militares que faziam a segurança do Palácio do Planalto e do Congresso. À noite, os protestos em frente ao Congresso chegaram a reunir cerca de 8.000 pessoas, segundo estimativa da polícia.
Além de Brasília e São Paulo, ao menos outras 19 capitais registraram protestos contra a presidente Dilma ou a favor do juiz Sergio Moro.
Horas antes da cerimônia de posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, um grupo de cerca de 400 apoiadores do governo, segundo a PM, ocupou parte da praça dos Três Poderes, em Brasília.
Inicialmente, o grupo ficou separado dos manifestantes contrários ao governo —que eram cerca de 1.500— por um cordão de isolamento feito por policiais. Depois, porém, acabaram se dispersando. Houve tumulto e confusão.
O momento mais tenso ocorreu quando a PM separou uma briga na praça usando bombas de gás lacrimogêneo. As explosões provocaram corre-corre.
Após a cerimônia de posse, o grupo pró-governo, formado principalmente por integrantes do MST e da CUT, deixou o local. Os outros manifestantes se dispersaram no início da tarde, mas voltaram pouco depois das 18h.
No início da noite, o grupo contra Dilma chegou a protestar em frente ao Planalto, mas depois seguiu para o Congresso.
Por volta de 20h30, um manifestante conseguiu furar a barreira policial e chegou ao espelho d’água do Congresso. Ele foi detido.
Em revide, a cavalaria invadiu o gramado e dispersou os manifestantes, iniciando um tumulto que durou cerca de 20 minutos. Foram usadas bombas de gás contra os manifestantes.
Também à noite, um grupo com cerca de 30 motoqueiros tentou invadir o Palácio do Planalto, por uma rampa lateral, que dá acesso ao estacionamento, mas a Polícia Militar os dispersou com bombas de gás lacrimogêneo.
Pelo menos três pessoas foram detidas. Outras três ficaram levemente feridas —uma delas após ser atingida por um rojão— e foram socorridas no local.
Em outras capitais, protestos foram registrados em vários momentos do dia. Em cidades como Belo Horizonte, Recife, Vitória e Florianópo- lis, as manifestações ganharam força no fim da tarde.
Em Curitiba, sede das investigações da Lava Jato, cerca de 700 pessoas, segundo a PM, se reuniram em frente à Justiça Federal em apoio ao juiz Sergio Moro.
No Rio, manifestantes percorreram a avenida Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul, com gritos de “amanhã vai ser maior”.
Em Ribeirão Preto, cinco explosivos, aparentemente morteiros, foram atirados na sede do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) , no centro da cidade, por volta das 14h. Houve pequenos danos materiais, mas ninguém ficou ferido. ESTRADAS BLOQUEADAS A Polícia Rodoviária Federal registrou desde a manhã pelo menos oito bloqueios de estradas federais em três diferentes Estados.
As BR-163 e BR-364 foram interditadas em três diferentes pontos. As rodovias são a principal rota de escoamento dos grãos produzidos no Centro Oeste, principalmente para a exportação.
No início da tarde, simpatizantes do governo bloquearam a rodovia Régis Bittencourt no sentido São Paulo por cerca de 30 minutos. O grupo pintou de vermelho no chão a frase “Não vai ter golpe”. (MACHADO DA COSTA, AGUIRRE TALENTO E DÉBORA ÁLVARES)