GOVERNO SITIADO Cunha acelera passo do impeachment
Presidente da Câmara abriu sessão do plenário nesta sexta-feira, o que deu início à contagem do prazo de defesa
Articulação procura garantir que deputados pró-impeachment deem quórum em dias sem expediente usual
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu a sessão no plenário da Casa nesta sexta-feira (18) para acelerar a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
A ação de Cunha faz com que o prazo da petista para a apresentação de sua defesa à comissão especial que vai analisar o caso tenha começado a contar já nesta sexta.
Nesse colegiado extraordinário, as sessões não são contadas em dias, mas em sessões plenárias. Dilma terá 10 dessas sessões para apresentar seus argumentos para não sofrer o impeachment.
Ao abrir a sessão, Cunha agradeceu aos 62 deputados que haviam registrado presença e destacou a gravidade do momento. Já adiantou que na próxima semana, apesar do feriado de Páscoa, haverá sessões de segunda a quartafeira. Segundas e sextas são dias em que, além de não haver trabalhos na Casa, dificilmente se encontra parlamentares em Brasília.
Cunha passou o início da semana articulando com aliados a manutenção de quórum às segundas e sextas no plenário. Essa celeridade impressa por ele na análise do pedido de impeachment vai de encontro ao que o peemedebista tem feito em relação ao seu processo de cassação no Conselho de Ética da Casa, sobre o qual tem atuado para retardar ao máximo.
Recebeu de parte do PMDB que apoia o impeachment e da oposição garantia de que haveria sempre a quantidade necessária de deputados na Câmara para abrir as sessões.
Nesse ritmo, é possível que o processo de Dilma siga para a votação no plenário da Câmara em 13 de abril. Há expectativas, contudo, de que a fase da comissão especial dure até 45 dias.
Isso porque, apesar da pressa de Cunha, não há como garantir o quórum sempre. Além disso, o governo e o PT podem judicializar o processo, o que atrasaria sua saída da comissão especial.
Uma das questões levantadas por deputados na primeira sessão, ocorrida na noite de quinta (17), foi a eleição de vice-presidentes.
Além de eleger Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), respectivamente, para a presidência e relatoria do processo contra Dilma, os 65 integrantes votaram a chapa proposta, que também contava com Carlos Sampaio (PSDB-SP), Maurício Quintela (PR-AL), e Fernando Filho (PSB-PE), para as primeira, segunda e terceira vice-presidências.
O governo afirmou ter feito acordo pelos nomes de Rosso e Arantes.
Pela proximidade de ambos com Cunha, nenhum dos dois estava entre a preferência, mas o momento de fragilidade política acabou levando o governo a um acordo.
Após ser votado na comissão especial, onde está agora, o parecer segue para apreciação do plenário onde cada deputado declara seu voto no microfone.
Nessa etapa, para seguir para o Senado, é necessário que pelo menos 342 dos 513 deputados votem a favor da saída da petista do cargo (veja o passo a passo do processo no quadro abaixo). (DÉBORA ÁLVARES E RANIER BRAGON)