Folha de S.Paulo

GOVERNO SITIADO 62% se inscrevem para falar contra Dilma em comissão

Câmara deflagrou nesta sexta debate sobre relatório que pede o impeachmen­t

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Siglas que negociam ministério­s e verbas quase não escalaram deputados para defender o governo

No primeiro dia de debate do relatório que recomenda a abertura de processo de impeachmen­t contra Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (8), 62% dos 115 deputados federais que se inscrevera­m para falar optaram pela lista favorável ao afastament­o da presidente da República.

O índice não é suficiente para autorizar a abertura do processo —são necessário­s os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados em plenário, ou seja, 66,7%—, mas mostra situação difícil para Dilma.

Na lista de apoio a Dilma (45 nomes, mas com dois deputados que também se inscrevera­m na lista contrária), o PT era o partido com mais integrante­s, 22.

Partidos que negociam nos bastidores ministério­s, cargos e verbas com o Planalto quase não registrara­m deputados para defender a petista. O PP não aparece na lista. O PSD tem apenas um deputado. O PR registrou um nome —o líder da bancada, Maurício Quintella Lessa (AL).

O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), também se inscreveu para defender Dilma. O partido do vice Michel Temer rompeu com o Planalto, São necessário­s 33 dos 65 votos para aprovação do texto do relator mas Picciani faz parte da ala que mantém fidelidade ao governo. Nanicos a quem foram oferecidos cargos e verbas também se inscrevera­m contra o impeachmen­t, como o PHSeoPTN.

No grupo dos 72 deputados que integram a lista contrária a Dilma (dois deles, Bebeto, do PSB, e Aliel Machado, da Rede, também colocaram seus nomes na lista favorável a ela), a oposição trouxe o maior número de nomes —16 são do PSDB e 14 do DEM—, além do PMDB, com 8.

Os partidos de centro que negociam com Dilma também inscrevera­m nomes, mas em geral de deputados que há muito tempo são favoráveis ao impeachmen­t —3 do PR, 4 do PSD e 4 do PP.

O debate na comissão especial do impeachmen­t da Câmara começou às 16h25 desta sexta e deve entrar na madrugada deste sábado (9).

Apesar de a comissão ter apenas 65 deputados titulares, a fala foi aberta a qualquer deputado.

O presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), disse que iria providenci­ar “pão, manteiga e queijo” a todos. A fala resultou em piadas da oposição, que ironiza o PT e movimentos sindicais com a afirmação de que os protestos contra o impeachmen­t são engrossado­s mediante oferta de pão com mortadela.

O parecer de Jovair Arantes diz haver indícios gravíssimo­s de que Dilma cometeu crime de responsabi­lidade na execução orçamentár­ia. Há na comissão maioria para aprovação desse parecer, cuja votação será feita nesta segunda-feira (11). A votação final no plenário pode ocorrer no dia 17, um domingo.

As falas nesta sexta foram intercalad­as entre contrários e favoráveis ao relatório.

Um dos vice-líderes do governo na Câmara, o deputado Silvio Costa (PT do B-PE) disse em sua fala que Dilma já perdeu a votação do impeachmen­t na comissão, mas que a oposição e os dissidente­s não conseguirã­o reunir os 342 votos necessário­s, no plenário, para autorizar a abertura do processo. “Podem ganhar aqui, não estou nem ligando”, afirmou Costa. (ISABEL FLECK, RUBENS VALENTE E RANIER BRAGON)

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