No entanto, a não impedir que tucanos aceitem ministérios, como pode acontecer com o senador José Serra (SP).
Às vésperas da votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a cúpula do PSDB se reuniu na manhã desta sexta-feira (8) no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para unificar o discurso da oposição contra a petista e dar respaldo a um possível governo Michel Temer, hoje vicepresidente da República.
A reunião serviu também para mostrar que o PSDB está unido em torno do impeachment, que o partido rejeita a convocação de eleições gerais e que, como o momento “pede uma solução rápida”, a ação pela cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) perdeu força, ao menos por ora.
Líderes tucanos vinham sendo cobrados —tanto por eleitores do partido como por movimentos que pedem a deposição da petista– a se posicionar de maneira mais contundente pela deposição da presidente. A avaliação interna era a de que o PSDB, como maior partido de oposição, tinha de dar uma resposta às cobranças com uma “demonstração inequívoca” próimpeachment.
O presidente nacional do partido, senador Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram os porta-vozes da posição.
“Chegou a hora de dar um basta nisso tudo. Não dá mais para ter dúvidas. Por mais penoso que seja interromper um mandato, mais penoso é ver o Brasil se esfacelar”, disse FHC.
Depois da reunião, Aécio afirmou que “100% do PSDB apoia o afastamento da presidente da República”.
Em recado ao PMDB de Temer, o senador disse que “o PSDB não é beneficiário enquanto partido político dessa solução [o impeachment], mas todos nós convergirmos para ela pela urgência da solução desse impasse”.
Durante o encontro no palácio, os tucanos também analisaram o possível governo comandado pelo hoje vice-presidente. Parte do PSDB acredita que o partido deve apoiar o peemedebista sem aderir ao governo. Evitará, assim, embarcar numa “canoa não tão confiável”.
A direção do partido tende, FORÇA-TAREFA Em contraposição à ofensiva deflagrada pelo governo e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem feito corpo a corpo com deputados para tentar evitar a queda de Dilma, a oposição prepar uma força-tarefa para arregimentar parlamentares para votar a favor do impeachment. A ofensiva mira nos indecisos e até nos que já declararam apoio à presidente, mas que seriam suscetíveis a mudar de lado.
No início da próxima semana, Aécio vai se reunir com a bancada do partido na Câmara para garantir o empenho dos 51 deputados na ofensiva.
Nomes importantes da sigla que não estão mais no dia a dia de Brasília, como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, foram escalados. “Vamos atrás de cada parlamentar individualmente para dizer: ‘A vida te deu a oportunidade de entrar para a história. Entre pela porta da frente, se não você vai sair pela porta dos fundos’”, disse Aécio.
GETÚLIO URSULINO NETTO
presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados)