GOVERNO SITIADO Parecer do BC contesta versão de Cunha
Documentação enviada ao Conselho de Ética aponta que deputado manteve recursos no exterior sem declarar
Relatório aponta burla à resolução do banco que obriga a declaração de valores no exterior acima de US$ 100 mil
O Banco Central enviou documentação ao Conselho de Ética que confronta a defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de processo de cassação.
Em um parecer técnico, o órgão afirma que, “para além de toda dúvida razoável”, ficou demonstrado que Cunha mantinha recursos no exterior e tinha que declará-los às autoridades brasileiras.
A documentação integra processo administrativo que tramita contra Cunha no BC, após o Ministério Público da Suíça ter revelado, em outubro, que o deputado mantinha quatro contas bancárias no exterior, ligadas diretamente a ele ou à sua família. Naquele mês, a Suíça bloqueou R$ 9 milhões de Cunha nessas contas.
O parecer é da Procuradoria-Geral do Banco Central, feito já neste ano. As conclusões do relatório foram enviadas a todos os integrantes do Conselho de Ética na última semana. Cunha responde a processo de cassação sob acusação de ter mentido aos seus pares ao dizer à CPI da Petrobras que não tinha “qualquer tipo” de conta no exterior.
A conclusão dos procuradores diz que ficou “caracterizada a infração de não fornecimento de informações ao Banco Central do Brasil” entre 31 de dezembro de 2007 e 31 de dezembro de 2014.
No período anterior a esse, a omissão prescreveu ou não ficou comprovada, de acordo com a documentação.
A análise se refere às três contas que tinham Cunha como beneficiário final: Triumph, Orion e Netherton. Não incluiu a quarta conta encontrada pelo Ministério Público, Kopek, porque esta tem a mulher dele, Cláudia Cruz, como titular.
Os procuradores recusaram a explicação de Cunha, de que não era o dono direto das contas porque elas estavam constituídas em nome de “trusts”, entidades criadas para administrar o dinheiro em seu benefício. Segundo o parecer, está “inapelavelmente caracterizado” o vínculo de Cunha com os recursos no exterior por ser o beneficiário dos “trusts” e por ter seu no-