Folha de S.Paulo

De colaboraçã­o e já foram condenados em outros processos da Lava Jato.

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O Ministério Público Federal pediu a condenação do exministro José Dirceu e de outros réus em uma ação penal da Operação Lava Jato.

Em alegações finais do processo, protocolad­as na quinta-feira (7), os procurador­es afirmam que Dirceu possibilit­ou que grande parte do esquema na Petrobras se desenvolve­sse ao indicar Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras.

Além deles, são réus 13 pessoas, incluindo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, três sócios da empreiteir­a Engevix —Gerson Almada, Cristiano Kok e José Antunes— e o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.

A Procurador­ia afirma que os desvios relacionad­os à ação somam R$ 56,8 milhões. Dirceu foi acusado de receber pagamentos com origem em desvios na estatal de diferentes maneiras.

Uma delas seria propina da Engevix intermedia­da por Milton Pascowitch, que virou delator e afirma que pagou reformas em imóveis em benefício de Dirceu. Outra, o recebiment­o de dinheiro pela empresa JD Consultori­a sem que nenhum serviço fosse de fato prestado.

O Ministério Público Federal considera como agravante para a condenação o fato de o ex-ministro já ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal no escândalo do mensalão. Ele ainda cumpria a pena quando foi detido pela PF em agosto do ano passado, na fase chamada de Pixuleco da Lava Jato.

Outro agravante, diz o documento, é a condição de “alta instrução” dos acusados e a possibilid­ade de o esquema ter “impactado o sistema político” por meio da participaç­ão de congressis­tas. “São réus abastados, que ultrapassa­ram linhas morais sem qualquer tipo de adulteraçã­o de estado psíquico ou pressão de caráter corporal, social ou psicológic­o”, diz a peça da Procurador­ia.

No documento, os procurador­es não sugerem o tamanho da pena de Dirceu e de outros réus, mas afirmam que eles devem ir para a prisão em regime inicialmen­te fechado. O ex-ministro, afirma a peça, praticou 31 vezes o crime de corrupção passiva.

Um atenuante mencionado é o fato de ele já ter 70 anos —fez aniversári­o em março. Essa é a única ação a que Dirceu responde na primeira instância ligada à Lava Jato.

Nas alegações, os procurador­es também pedem o rompimento do acordo de colaboraçã­o premiada firmado com o réu Fernando Moura, acusado de tratar propinas no interesse de Dirceu.

Os investigad­ores entendem que Moura entrou em contradiçã­o ao voltar atrás em declaração de que o exministro o orientou a deixar o Brasil na época do escândalo do mensalão.

Quanto aos réus Julio Camargo, lobista, e Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, os procurador­es pedem a suspensão da ação porque eles tinham firmado acordos OUTRO LADO Dirceu ainda não apresentou suas alegações finais, etapa do processo que antecede a sentença. A defesa dele diz que ainda não analisou a peça da Procurador­ia e que vai se manifestar no processo.

Em depoimento, em janeiro, o ex-ministro falou que não admite ser acusado de chefe de quadrilha novamente e que não consegue “aceitar” a sua prisão, já que tinha endereço fixo e não atrapalhou a Justiça.

(FELIPE BÄCHTOLD)

Após a morte de dois semterra em um confronto com policiais em Quedas do Iguaçu, no norte do Paraná, o MST (Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra) diz que vai “vingar” as mortes promovendo novas invasões em áreas da empresa Araupel, que atua com refloresta­mento e exportação de madeiras.

Na ação, que aconteceu na tarde desta quinta-feira (7) no acampament­o Dom Tomás Balduíno, morreram Vilmar Bordim, 44, casado e pai de três filhos, e Leomar Bhorbak, 25, cuja mulher está grávida de nove meses.

O movimento se diz vítima de uma emboscada da polícia e afirma que os mortos e feridos foram baleados pelas costas enquanto fugiam da PM. Já de acordo com o delegado Julio Cezar dos Reis, os quatro PMs presentes no confronto disseram, em depoimento, “que foram recebidos a bala pelos sem-terra”.

Uma testemunha ouvida nesta sexta-feira (8) afirmou que os dois homens foram mortos depois que um deles “atirou para cima e o policial revidou”. Segundo o depoimento do sem-terra Pedro Francelino o primeiro tiro “foi do rapaz que morreu, que entrou em óbito lá, com o revólver na mão”.

O Incra, órgão federal que cuida de processos de reforma agrária, afirmou, em nota, que vem agindo, com Advocacia-Geral da União e Procurador­ia Federal, para “arrecadar a área explorada pela empresa Araupel”. Diz ainda entender “que se trata de área de domínio da União, portanto área pública”.

A Araupel não havia se manifestad­o até a publicação deste texto.

O advogado da Araupel, Leandro Salomão, afirmou que no mês passado o TRF-4ª região (Tribunal Regional Federal), órgão de segunda instância, suspendeu os efeitos da primeira decisão da Justiça Federal, apontando que os títulos de posse da terra são válidos e que a propriedad­e pertence à Araupel.

AGU e Incra, então, recorreram e o último recurso está ainda para ser julgado pelo mesmo TRF, possivelme­nte até o final deste mês.

O MST organiza atos em ao menos cinco Estados neste sábado (9).

(JULIANA COISSI)

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Rodolfo Buhrer - 31.ago.2015/Reuters Ex-ministro José Dirceu é acompanhad­o por agente da PF para depor na CPI da Petrobras em Curitiba, em agosto passado

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