Conseguimos finalmente aprovar a criação de promotorias regionais no interior. Agora estamos na fase da implantação.
Folha - Vamos começar com um balanço de seu mandato, com os desafios enfrentados.
Márcio Elias Rosa - Foram quatro anos de obstáculos, a começar pela PEC 37 [proposta que tirava poder de investigação do Ministério Público rejeitada no Congresso em junho de 2013, após virar pauta dos protestos de rua]. Em entrevista à Folha , em maio de 2012, eu disse que a única saída para derrubar a proposta era mobilizar a sociedade civil. Se tivéssemos sido derrotados, a história seria outra. Não existiria a Lava Jato...
Pois é. Fico satisfeito com o desempenho do Ministério Público de SP porque nossa proposta era investigar em comunhão [com polícia e outros órgãos], não exclusivamente.
E quanto aos avanços? O sr. pode dar um exemplo?
A poluição sonora continua sendo do promotor de Justiça local, mas a escassez de recursos hídricos pode ser tratada pelo promotor de Justiça regional, por exemplo. Como melhorar isso?
Acredito que o modelo dos grupos precisa ser repensado. Precisamos investir nos grupos de apoio às investigações —o concurso, aliás, está em andamento. Cria 120 cargos de analistas técnicos científicos, para que haja uma descentralização desse apoio. Para que se tenha a possibilidade de que o promotor de Justiça faça a investigação, ele mesmo. Tenho como regra o seguinte: só entra no Gaeco quem quer e só sai quem quer. Nunca tirei ninguém, mas isso não está na lei. Já houve casos em que o procurador-geral escolhia. Incentivo bastante que o promotor [fora do grupo] faça a investigação. Os grupos ficam para quando necessário. Setores ligados ao próprio Ministério Público dizem que o deputado Fernando Capez, investigado pela merenda, tem parentes e ligação com o Ministério Público. Como garantir uma investigação isenta?