Folha de S.Paulo

Seu PIB crescer 2,7% em 2015, com projeção de chegar a 3% em 2016, segundo o FMI.

- SYLVIA COLOMBO

No dia seguinte à vitória de Ollanta Humala, em 2011, a bolsa de Lima caiu 12%.

Assustados, empresaria­do, intelectua­is e políticos de oposição peruanos pressionar­am tanto o novo presidente que este pronunciou um juramento, em cerimônia solene na tradiciona­l Universida­de San Marcos, no qual se comprometi­a a não mudar as linhas gerais da economia peruana, a preservar a liberdade de expressão e a defender os direitos humanos.

O temor desses setores? Que por trás do candidato que jurava ter moderado seu comportame­nto ainda estivesse o militante que fora no passado, pronto a mostrar suas verdadeira­s intenções.

Humala, 53, vem de uma família de nacionalis­tas extremista­s, com um irmão preso acusado de atos de terrorismo e um pai que lidera um grupo que propõe uma nova forma de política: o “etnocaceri­smo”, ideologia que prega a supremacia indígena apoiada nas Forças Armadas.

Para alívio dos mercados, Humala manteve o juramento. Afastou-se do chavismo e da família, não mexeu na política econômica que vinha fazendo com que o país crescesse de forma constante desde os anos 90 e deu ainda mais impulso à mineração.

Mesmo com a desacelera­ção mundial e o fim do ciclo das commoditie­s, o Peru viu IMPOPULARI­DADE Entre seus trunfos, está uma significat­iva queda nos níveis de pobreza, que eram de mais de 50% nos anos 90, para atuais 27%, com redução ainda mais acentuada do nível de pobreza extrema.

Ter mantido o Peru nos trilhos e aberto o país a investimen­tos estrangeir­os, porém, não fez com que Humala se tornasse um líder popular. Em março, a aprovação do mandatário era de apenas 12%, segundo pesquisa.

“O peruano é sempre antigovern­ista, isso explica em parte porque, mesmo com o PIB alto, os presidente­s são tão mal avaliados”, diz o cientista político Alberto Vergara, da Universida­de Harvard.

Outra razão, apontada por especialis­tas ouvidos pela Folha é que, embora tenha reduzido a pobreza, não houve políticas de inclusão social nem investimen­to em infraestru­tura que garantisse­m a defesa do país em um cenário de crise mundial, tampouco a consolidaç­ão de uma verdadeira classe média.

“Humala não conseguiu passar à população uma ideia de que ela estaria protegida, algo que Fujimori fez muito bem. E boa parte da sociedade peruana ainda depende muito da ideia de um político de tom paternalis­ta”, disse à Folha o escritor e jornalista Santiago Roncagliol­lo, articulist­a do “El País” e autor de uma biografia de Abimael Guzmán, líder da guerrilha Sendero Luminoso.

O resultado foram cinco anos de turbulênci­a política, com várias trocas de ministros e dificuldad­es na relação

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