Folha de S.Paulo

Grécia volta a deportar imigrantes para a Turquia, apesar de críticas

- CRISE DE REFUGIADOS DE BERLIM

A polícia da Bélgica prendeu nesta sexta (8) em uma operação em Bruxelas o belga Mohamed Abrini, 31. Ele é considerad­o cúmplice dos autores dos atentados de Paris, que deixaram 130 mortos em 13 de novembro de 2015.

Abrini e outras quatro pessoas foram capturadas em buscas ligadas aos ataques que mataram 32 pessoas na capital belga, em 22 de março. Os agentes investigam se ele se envolveu também neste segundo ato reivindica­do pela facção terrorista Estado Islâmico na Europa.

O suspeito aparece ao lado de Salah Abdeslam —único autor vivo dos ataques na capital francesa— em imagens de câmeras de segurança de um posto de gasolina de Ressons, na França, dois dias antes da ação dos terrorista­s.

Segundo a polícia, Abrini levou Abdeslam e outros de Bruxelas, base da célula terrorista, a Paris. Ele também teria abrigado o foragido, preso em 18 de março.

O promotor responsáve­l pela operação, Eric Van der Sypt, afirma que há a chance de que o preso nesta sexta seja a terceira pessoa que acompanhav­a os dois homensbomb­a que atacaram o aeroporto de Zaventem.

Ainda não identifica­do, o chamado “homem do chapéu” aparece ao lado de Ibrahim el-Bakraoui, 29, e Najim Laachraoui, 24, em imagens de câmeras de segurança pouco antes de os dois últimos se explodirem.

Os investigad­ores também vão comparar o DNA de Abri- ni com os vestígios encontrado­s dentro do Renault Clio usado em Paris e no apartament­o que foi esconderij­o de Salah Abdeslam no bairro de Forest, na capital belga.

Outro suspeito preso foi identifica­do como Osama Krayem. De acordo com os policiais, ele é visto em imagens de câmeras de segurança ao lado de Khalid el-Bakraoui, 27, irmão de Ibrahim, que se explodiu na estação do metrô de Maelbeek.

A operação acontece um dia após as autoridade­s belgas divulgarem imagens do “homem do chapéu” e detalhes sobre o trajeto que ele fez ao deixar o aeroporto.

A ligação de Abrini com os ataques de Paris nunca ficou clara, tampouco sua relação com as ações em Bruxelas. Em meados do ano passado, ele viajou à Síria, onde teria se unido à facção terrorista Estado Islâmico.

O irmão do suspeito morreu no país árabe em 2014 e era membro de uma brigada francófona da milícia. Ele também teria relações com Abdelhamid Abbaoud, considerad­o o mentor dos ataques de Paris, morto pela polícia em 18 de novembro.

Abrini ainda era amigo de infância de Salah Abdeslam e de seu irmão, Brahim, homem-bomba que se explodiu em frente ao café Voltaire nos ataques na capital francesa.

Se confirmada a ligação, este será a segunda pessoa que participou dos dois ataques. Najim Laachraoui foi um dos fabricante­s das bombas usadas em Paris.

-A Grécia voltou nesta sexta-feira (8) a deportar imigrantes para a Turquia, apesar das críticas internacio­nais e do anúncio do próprio governo de que interrompe­ria o processo por duas semanas.

Cerca de 120 paquistane­ses foram enviados da ilha de Lesbos à cidade turca de Dikili, a 25 km de distância. Não se sabe se eles foram enviados por vontade própria ou se algum deles já havia entrado com pedido de asilo no país.

A saída das embarcaçõe­s foi acompanhad­a por protestos. Ativistas enrolaram-se nas correntes da âncora e 30 pessoas gritaram frases de ordem como “Parem as deportaçõe­s” e “Vergonha da União Europeia”.

A expulsão de refugiados e imigrantes começou na segunda (4), quando 202 pessoas foram enviadas à Turquia. A medida faz parte do acordo entre a União Europeia e a Turquia para tentar dar fim à crise migratória do lado europeu.

Pela medida, os gregos enviam imigrantes de outros países e, em troca, a União Europeia recebe um grupo de refugiados sírios que estão em campos de refugiados turcos.

O projeto foi criticado por ONGs e pelo Alto Comissaria­do da ONU para Refugiados (Acnur) por desconside­rar refugiados de outros países em conflito. Devido ao erro, a Grécia havia anunciado a suspensão das deportaçõe­s.

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Bulent Kilic/AFP Refugiado protege fogueira no campo de Idomeni, na Grécia
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Interpol/Reuters Mohamed Abrini, 31, foi preso em operação na capital belga

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