Folha de S.Paulo

Sultorias Tendências e Rosenberg projetam o índice em 7% e 8%, respectiva­mente.

- BRUNO VILLAS BÔAS

DO RIO

Vilão da inflação no ano passado, o preço da energia elétrica caiu em março com a redução da cobrança extra da conta de luz. Isso permitiu que a inflação oficial desse uma trégua no mês.

Segundo o IBGE, o IPCA desacelero­u para 0,43% em março, menos da metade do registrado em fevereiro (0,90%). Em março do ano passado, houve alta de 1,32%.

Com esse resultado, o indicador acumulado em 12 meses voltou para a casa de um dígito: 9,39%. O IPCA estava acima dos 10% desde outubro do ano passado.

Apesar da perda de fôlego, o IPCA segue acima do teto da meta do governo, de 6,5%. Segundo economista­s, os preços devem continuar assim ao longo deste ano.

Para o Bradesco, o IPCA será de 6,9% em 2016. A gestora Modal prevê resultado um pouco abaixo de 7%. As con- ENERGIA A energia foi a que mais contribuiu para a trégua da inflação ao recuar 3,41% em março. O motivo foi a troca da bandeira tarifária da conta de luz, que passou de vermelha para amarela.

“A energia deu um alívio, mas não devolveu tudo o que pegou para ela. O preço está 45,1% acima de janeiro de 2015. O patamar segue alto”, disse Eulina Nunes dos Santos, técnica no IBGE.

Outros itens contribuír­am para a desacelera­ção da inflação no mês, como a queda dos preços das passagens aéreas (-10,85%), do gás de cozinha (-0,42%) e da taxa de água e esgoto (-0,43%).

Com a crise afetando o consumo, os serviços também perderam fôlego. Em 12 meses até março, a inflação do setor foi de 7,49%, o menor patamar desde novembro de 2010 (7,36%).

Segundo Julio Mereb, economista do Modal Asset, os preços dos serviços devem continuar perdendo fôlego com a piora do emprego e da renda. Ele prevê que a inflação do setor fique em 6,7%.

“Os serviços demoraram a ceder porque há certa rigidez inflacioná­ria. Os reajustes dos salários mínimos têm sido grandes e sustentam os preços”, disse Mereb.

A surpresa da inflação de março foi o grupo de alimentaçã­o e bebidas. Os preços médios aceleraram para 1,24% —economista­s esperavam que eles esfriassem.

Os destaques nesse caso ficaram para as frutas, com alta de 8,91% nos preços, seguidas por itens como cenoura (14,52%) e leite (4,57%).

Dessa forma, dos 453 itens pesquisado­s para compor o IPCA, 69,44% tiveram aumento de preços em março. Essa difusão foi bem menor do que a de fevereiro (77,2%). Embora menor, o índice ainda é bastante alto.

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