Após 25 anos, picolé fica R$ 0,33 mais caro e empresa se desculpa
DE SÃO PAULO
Imagine que, a cada aumento de preços, os executivos de empresas viessem a público pedir desculpas. Irreal demais? Não para os japoneses.
Uma tradicional empresa de picolés no Japão, chamada Akagi Nyugyo, publicou um vídeo com funcionários e executivos pedindo desculpas pelo aumento de 17% no preço do produto.
Detalhe: é a primeiro alta em 25 anos, de acordo com o jornal “Financial Times”. O preço passou de 60 ienes para 70 ienes (de R$ 2,02 para R$ 2,35, aproximadamente).
A justificativa da empresa para o aumento, que passou a vigorar no dia 1º, foi adequar os preços às mudanças globais do setor, além de recuperar os altos custos com logística e matérias-primas.
Além dos sorvetes causadores das desculpas, a empresa também produz sobremesas congeladas.
O vídeo mostra os japoneses, todos com semblantes sérios, se curvando em sinal de respeito logo após o anúncio da alta equivalente a R$ 0,33. O clipe já alcançou mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. PROBLEMA CRÔNICO O Japão enfrenta uma crise em relação aos preços. Contudo, o problema nipônico é a deflação (queda nos preços), ao contrário do Brasil, por exemplo, que sofre com a carestia.
Para combater a dificuldade econômica, o país adotou, em janeiro, taxa de juros negativa, a fim de estimular a economia. Nessa situação, os bancos pagam para depositar seu dinheiro no banco central.
Antes, o país mantinha a taxa de juros próxima a zero. Desde os anos 1990, a deflação desencoraja os consumidores japoneses a fazer grandes compras porque esperam que os preços caiam mais.
A deflação é considerada a raiz de duas décadas de malestar econômico.
Em fevereiro, o país teve inflação em 12 meses de 0,2%. Foi uma avanço em relação à taxa zero de janeiro, mas o índice ainda está muito distante da meta do banco central japonês: 2%. Veja o pedido de desculpas da empresa japonesa folha.com/no1758868