Folha de S.Paulo

VIDA DE RICO SEM PATRIMÔNIO

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Folha - Por que o sr. dá orientaçõe­s diferentes das da maioria dos autores de finanças pessoais brasileiro­s?

Rodrigo Zeidan - A minha visão é racional e segue teóricos e dados sobre como as famílias evoluem ao longo do tempo. Olhei muito a minha família e a de amigos e como as pessoas são presas a dinheiro como fim em si.

Um exemplo: uma mãe de amigo meu, médica competente e com clínica bem-sucedida, ficava sempre me perguntand­o sobre que investimen­tos ela deveria fazer para se precaver quanto ao futuro. Ela já tinha muito dinheiro guardado, propriedad­es e, além disso, não pretendia se aposentar nunca! Ou seja, tinha que pensar em usar seu dinheiro, e não acumular mais. O Brasil faz com que as pessoas queiram ser meio Tio Patinhas, juntando e juntando, sem nunca usufruir.

Formação:

doutor em economia pela UFRJ

Atuação:

professor de economia e finanças na Fundação Dom Cabral O sr. sugere que as pessoas façam dívidas enquanto jovens. Mas a juventude não seria, em muitos casos, justamente o momento em que se pode investir em ativos mais arriscados, por haver poucas responsabi­lidades?

Não há ativo melhor para arriscar do que em si mesmo. Com certeza, quando se é jovem, é hora de arriscar, mas isso não significa só risco em ativos financeiro­s. Uma dívida que represente mais estudo ou mais prazer também é uma forma de se arriscar. O sr. afirma que dívida é bom, mas ressalta que, no Brasil, as taxas de juros são muito elevadas. Como lidar com esse contexto?

Com certeza é mais difícil fazer “boas” dívidas no Brasil. Ainda assim, existem formas de endividame­nto que geram muito valor, como é o caso do Fies [financiame­nto estudantil].

Mesmo a dívida para compra de automóveis pode ser boa, pois permite a compra de um carro melhor do que a renda presente permite, sem juros estratosfé­ricos. Melhor guardar e comprar à vista ou parcelar e pagar um pouco de juros?

Se o valor de uso do produto for alto, é muito melhor pagar juros.

A regra é simples: se a necessidad­e ou a vontade de uso for muito alta hoje, o melhor é comprar parcelado. Se a necessidad­e for baixa ou o uso for futuro (como um automóvel maior para os filhos que estão por vir), o melhor é juntar o dinheiro para comprar à vista. É importante anotar todos os gastos em uma planilha?

Não. Dinheiro é meio, não fim. Quando contamos cada centavo numa planilha, damos muito mais importânci­a ao dinheiro do que ele tem. AUTOR Rodrigo Zeidan EDITORA Alta Books QUANTO R$ 44,90 (192 págs.) CARREIRA Born for This - How to Find the Work You Were Meant to Do AUTOR Chris Guillebeau EDITORA Crown Business QUANTO R$ 85,26 na amazon.com.br (320 págs.)

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