Folha de S.Paulo

Criador da técnica opera mesmo sem aval do CFM

- DA EDITORA-ADJUNTA DE “COTIDIANO”

A cirurgia experiment­al à qual Faustão se submeteu não é aprovada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) porque, segundo a entidade, faltam estudos que comprovem sua eficácia e segurança aos pacientes e, portanto, ela só pode ser feita dentro de protocolos de pesquisa.

Na época, o apresentad­or afirmou que sabia que a cirurgia era experiment­al. Em seu programa, ele disse que com a operação, que o fez perder mais de 30 kg, seria mais fácil controlar o diabetes e a pressão alta.

Mesmo sem respaldo do conselho, o cirurgião que operou o apresentad­or e também criador da técnica, Áureo Ludovico de Paula, continua realizando-a.

“Os resultados do estudo do Sírio são coincident­es com os nossos de mais de dez anos. A vantagem é que ele sai da minha experiênci­a e compara outras modalidade­s de tratamento”, diz o médico, que não participou da pesquisa.

Em 2010, após uma paciente processar o cirurgião alegando problemas de saúde após a cirurgia, a Justiça Federal de Goiás proibiu, em caráter liminar, a realização do procedimen­to até que ele fosse aceito pelo CFM e pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

Mas, de acordo com o médico, outra decisão de janeiro de 2014 reverteu a anterior, baseada em avaliação de uma câmara técnica do CFM. “Judicialme­nte, estou autorizado a fazer a cirurgia. Mas o CFM formalment­e não autorizou”, disse à Folha.

O conselho, porém, afirma que as câmaras técnicas propõem subsídios para que o plenário decida, mas não são um órgão autônomo dentro do conselho.

Segundo o CFM, médicos que infringem as regras do conselho, que estabelece limites éticos e práticos para a prática da medicina, estão sujeitos a penalidade­s.

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