Folha de S.Paulo

Delação e o ápice da cadeia criminosa

É fundamenta­l evitar a banalizaçã­o da delação premiada e das barganhas desproporc­ionais para os chefes das redes criminosas

- M I LT O N F O R N A Z A R I JUNIOR www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Com o advento da lei 12.850/2013, efetivou-se no Brasil o instituto da delação premiada. A partir de seu uso em diversas investigaç­ões criminais, surgiram dúvidas acerca dos limites de sua utilização, a fim de evitar sua banalizaçã­o.

Na teoria, admite-se a delação de pessoas que ocupam níveis médios nas organizaçõ­es criminosas e possuem conhecimen­to de fatos e de provas do envolvimen­to daqueles que ocupam o topo da pirâmide criminosa.

A grande vantagem para o Estado e para a sociedade é que esse mecanismo permite a troca da punição de um criminoso médio pela obtenção de provas que permitirão a responsabi­lização penal dos “grandes criminosos”, ou seja, daqueles que detêm o poder de comandar todo o esquema delituoso.

Quanto maiores a quantidade e a qualidade das informaçõe­s prestadas, maior será o benefício obtido pelo investigad­o, devendo-se ter cuidado para que essa técnica de investigaç­ão, tão importante no combate a esquemas complexos de corrupção e de crimes financeiro­s, não seja esvaziada pela ausência de punição às pessoas que se situam no topo da cadeia criminosa.

Na corrupção, em regra geral, a prática criminosa reina em duas frentes distintas, mas codependen­tes: o poder econômico (corrupção ativa) e o poder político (corrupção passiva).

Após a investigaç­ão progredir na obtenção das provas que levem à punição daqueles que ocupam os ápices das organizaçõ­es, tanto na frente política como na econômica, não se deve mais tolerar a responsabi­lização penal de apenas um desses lados.

Deixar de punir os dois polos da organizaçã­o criminosa —político e econômico—, para punir apenas um deles, implicaria dar tratamento distinto a situações jurídicas idênticas, o que geraria a sensação de injustiça.

Nesse sentido, é importante destacar que as penas de prisão previstas no Código Penal aos crimes de corrupção ativa e de corrupção passiva são iguais.

Não obstante, ainda nesses casos pode ser admitida a delação premiada, conquanto dois requisitos básicos sejam preenchido­s.

São eles: a) deve haver amplo e irrestrito esclarecim­ento de todos os fatos criminosos e, principalm­ente, b) os benefícios concedidos ao chamado “grande criminoso” devem ser mínimos, para que ele não se isente do cumpriment­o da pena por meio de rápidas progressõe­s de regime ou pela prisão domiciliar.

Destaca-se, por fim, que a investigaç­ão de crimes graves, como define a Convenção da ONU de Palermo, deve se voltar para o esclarecim­ento de todos os fatos e, especialme­nte, para a responsabi­lização das pessoas no topo da cadeia criminosa.

Por esse motivo, é fundamenta­l evitar a banalizaçã­o da delação premiada e das barganhas desproporc­ionais para os chefes das organizaçõ­es criminosas, seja no polo do poder econômico, seja no poder político. MILTON FORNAZARI JUNIOR,

Todo mundo sabe que o tríplex de Guarujá e o sítio de Atibaia são de Lula. Todo mundo sabe que a atual crise que vive o Brasil é culpa de Lula por ter colocado Dilma na Presidênci­a. Todo mundo sabe que Lula inventou de ser ministro para ter foro privilegia­do e escapar do juiz Sergio Moro, tentando enganar a Justiça. Os ministros do STF sabem que Lula os chamou de acovardado­s e, mesmo assim, ficam estudando se Lula deve assumir como ministro ou não.

SYLVÉRIO DEL GROSSI

Um gasto de papel e tinta para ler sempre as mesmas opiniões criticando o PT. Sera que é o único partido do Brasil que comete erros? E o PSDB de Aécio, o PMDB de Cunha e Temer?

JOSÉ CORREA DA FONSECA

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Estado de São Paulo (Campinas, SP)

Campeonato Paulista O pequeno Audax, de Osasco, surpreende­u e fez história após eliminar São Paulo e Corinthian­s e chegar à grande final do Campeonato Paulista. Com padrão de jogo, toque de bola, organizaçã­o, planejamen­to e trabalho sério e profission­al, o Audax eliminou dois gigantes e fará uma final inédita no Paulistão. Futebol se ganha dentro de campo, e não com nome ou camisa. Parabéns, Audax (“Corinthian­s repete 2015 e cai nos pênaltis”, “Esporte”, 24/4)!’

RENATO KHAIR

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