Folha de S.Paulo

Conta a favor do governo.

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Ainda que o afastament­o temporário da presidente Dilma Rousseff seja dado como certo até por senadores governista­s, levantamen­to feito pela Folha mostra que ainda não há votos suficiente­s no Senado para a saída definitiva da petista.

Enquanto 50 senadores confirmam que votarão pela admissibil­idade do processo de impeachmen­t, apenas 39 dizem que apoiarão o impediment­o definitivo de Dilma.

“Não podemos ignorar que a Câmara deu autorizaçã­o ao Senado para abrir o processo com 367 assinatura­s, mas temos que analisar a fundo o mérito da questão para decidir se ela cometeu ou não crime de responsabi­lidade”, afirmou o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que declarou voto a favor da admissibil­idade, mas não decidiu sobre o julgamento final.

Com a aceitação do processo pelo Senado, em votação prevista para 12 de maio, Dilma será afastada do cargo por até 180 dias e o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), assumirá o comando do país.

Para tanto, seria preciso, com a presença de todos os 81 senadores, o voto de 41 deles —ou seja, já haveria pelo menos nove votos a mais hoje.

Nesse período, a comissão especial do impeachmen­t fará a análise do processo da presidente afastada e poderá, entre outros passos, realizar diligência­s, ouvir testemunha­s, dar a possibilid­ade de a defesa se manifestar.

No caso de a comissão não encerrar os trabalhos no período de afastament­o (180 dias), Dilma poderá reassumir o cargo.

“O deputado atua mais ou menos como um promotor, que oferece a denúncia. Nós somos juízes e, até para dar esse caráter de foro, de corte, é preciso que haja isenção dos dois lados, e o que se espera de um juiz é que ouça a defesa primeiro”, afirmou Roberto Rocha (PSB-MA).

Já para Dilma perder de vez o mandato são necessário­s 54 votos —neste caso, segundo enquete da Folha, faltariam no momento ainda 15 para atingir esse patamar.

Onze senadores não quiseram declarar seus votos so- bre essa etapa e sete disseram que estão indecisos. Três não respondera­m à reportagem.

“Precisamos de mais tempo para analisar os documentos. Não dá para prejulgar”, afirmou o senador Omar Aziz (PSD-AM), a favor do afastament­o de 180 dias.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que tem posição definida, mas prefere não declará-la para evitar questionam­entos. “Todos sabem o meu posicionam­ento, mas somos juízes e, para não dar motivos para o PT judicializ­ar o processo, prefiro não colocar a carroça na frente dos bois. Vamos avaliar o mérito da questão.”

O governo tem o apoio de 21 senadores, contrários à condenação final da presidente. Contra a abertura do processo há 20 votos. A diferença é o ex-ministro Eduardo Braga, que estará afastado por licença médica na primeira votação. A abstenção COMISSÃO Nesta segunda (25), o Senado instalará a comissão especial do impeachmen­t, com 21 membros titulares e 21 suplentes. O colegiado terá dez dias úteis para aprovar um parecer e apresentá-lo em plenário.

As indicações para os cargos foram feitas pelos seis blocos partidário­s da Casa. Em ampla desvantage­m, o governo tem apenas cinco votos contra o impeachmen­t.

Por ser o maior bloco na Casa, coube ao PMDB a indicação da presidênci­a do colegiado. O líder do partido, Eunício Oliveira (CE), designou o senador Raimundo Lira (PB) para presidir a comissão.

Antes declaradam­ente contra Dilma, Lira tem dito que, a partir da indicação, passou a se posicionar de forma isenta e que dará espaço para a defesa da presidente se pronunciar.

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Pedro Ladeira - 25.jun.15/Folhapress A presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros, no Planalto

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