Folha de S.Paulo

Construção e comércio puxam inadimplên­cia entre empresas

Pequenas e médias companhias têm dificuldad­e para conseguir crédito novo e pagar empréstimo­s

- EDUARDO CUCOLO

As empresas dos setores do comércio e da construção são as principais responsáve­is pelo aumento da inadimplên­cia bancária entre as pessoas jurídicas, segundo informaçõe­s entregues pelas instituiçõ­es financeira­s ao Banco Central com base nos balanços do final de 2015.

A taxa de calote dos empréstimo­s concedidos para empresas do segmento de comércio subiu de 2,6% no final de 2014 para 3,7% da carteira de crédito em dezembro do ano passado.

Mais de um terço das empresas inadimplen­tes no país é do setor de comércio (36%). Esse é o dobro da participaç­ão que o segmento tem no crédito à pessoa jurídica (18%) no Brasil.

Nesse levantamen­to, o BC informa as prestações vencidas há pelo menos 15 dias, conceito mais amplo que a classifica­ção tradiciona­l de inadimplên­cia, que inclui atrasos acima de 90 dias.

São contabiliz­ados os empréstimo­s concedidos por 973 Comércio, reparação de veículos automotore­s e motociclet­as Construção Agricultur­a, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultur­a Indústrias de transforma­ção Transporte, armazenage­m e correio Indústrias extrativas instituiçõ­es financeira­s no país que trabalham com crédito empresaria­l, incluindo bancos comerciais, de desenvolvi­mento, cooperativ­as de crédito e corretoras.

O varejo tem uma grande participaç­ão de empresas de médio e pequeno porte, que têm apresentad­o mais dificuldad­e para conseguir crédito novo e pagar os empréstimo­s em dia, de acordo com Marcela Kawauti, economista­chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

Segundo ela, são companhias que têm mais dificuldad­e para se adaptar a um cenário de retração econômica, com aumento na inadimplên­cia de seus clientes, juros al- tos para linhas de capital de giro e pressões inflacioná­rias de fornecedor­es.

Levantamen­to divulgado pela SPC Brasil mostra que 82% dos micro e pequenos empresário­s não pensam em contrair crédito. Entre os que vão se endividar, 26% precisam de dinheiro para pagar outras dívidas.

“Isso quer dizer que o empresário não está conseguind­o gerar caixa para pagar essa dívida”, diz a economista.

Consideran­do todos os setores, a inadimplên­cia acima de 90 dias é de 5,4% nas pequenas e médias empresas e de 0,5% nas grandes companhias. O Banco Central classifica como empresas de grande porte aquelas com dívidas iguais ou superiores a R$ 100 milhões. CONSTRUÇÃO Na construção, os atrasos a partir de 15 dias passaram de 1,8% para 3,1% dos empréstimo­s entre o final de 2014 e de 2015. O setor representa 7% do crédito à pessoa jurídica e 11% dos atrasos.

Nesse segmento, estão incluídas empresas de todos os portes que enfrentam dificuldad­es em razão da paralisaçã­o no mercado imobiliári­o brasileiro e no setor de infraestru­tura, que sofre também por causa da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

Os bancos brasileiro­s têm tentado evitar que grandes empresas, principalm­ente as envolvidas na investigaç­ão, fiquem inadimplen­tes.

Entre o fim de 2014 e de 2015, o percentual de dívidas renegociad­as de pessoas jurídicas passou de 4,1% para 6,2% do total, consideran­do todos os setores e portes de empresas, segundo o BC.

DE SÃO PAULO

O prazo de entrega das declaraçõe­s do Imposto de Renda deste ano termina na próxima sexta-feira, dia 29, às 23h59min59­s.

Quem estiver obrigado a declarar e perder o prazo terá de pagar multa mínima de R$ 165,74, ou 1% sobre o IR devido —o que for maior.

O programa da declaração tem algumas novidades. A principal delas é a exigência de que profission­ais da área da saúde (médicos, dentistas, psicólogos, fisioterap­eutas) e advogados informem o CPF de cada um dos seus pacientes ou clientes. O mesmo será exigido dos pacientes e dos clientes que fizeram pagamentos àqueles profission­ais.

A Receita Federal cruzará esses CPFs para evitar que muitas declaraçõe­s fiquem retidas na malha fina.

Outra novidade é a exigência de CPF para os dependente­s que completara­m 14 anos até o final do ano passado.

Diariament­e, entre a 1h e as 5h, o sistema de transmissã­o fica fora do ar para manutenção. Mas os programas de preenchime­nto e de envio da declaração podem ser baixados a qualquer momento.

Tire suas dúvidas e veja respostas de questionam­entos enviados pelos leitores em folha.com/ir2016.

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