Folha de S.Paulo

Setor imobiliári­o não se interessou por parceria

Empresas demoraram a ver vantagens no novo modelo de construção

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Para governo de SP, iniciativa é uma forma de construir moradias sem compromete­r o orçamento do Estado

Para os setores imobiliári­o e da construção, as empresas demoraram a entender as vantagens financeira­s da PPP (Parceria Público-Privada) da habitação, lançada pelo governo do Estado em 2012.

“A grande dificuldad­e foi a indefiniçã­o sobre onde eram os terrenos”, avalia Rodrigo Luna, vice-presidente do Secovi, sindicato do setor imobiliári­o de São Paulo.

Inicialmen­te, a ideia do governo era revelar apenas as dimensões do terreno e em qual bairro ele ficava, sem dar o endereço exato. Com isso, os investidor­es tiveram dificuldad­e em calcular o retorno do investimen­to.

Posteriorm­ente, o governo passou a especifica­r onde serão as construçõe­s, o que aumentou o interesse do mercado imobiliári­o. NOVO FORMATO A PPP inverte o formato comum da habitação popular no Brasil, no qual o governo paga as construtor­as durante a obra e depois cobra em prestações dos moradores beneficiad­os.

No novo modelo, o governo pagaparaas­empresasso­mente após a entrega dos apartament­os, ao subsidiar parte das mensalidad­es dos moradores.

As empresas também lucram com a venda de parte dos apartament­os no mercado chamado popular —famílias com renda de seis a dez salários— e com o aluguel de lojas no térreo, por exemplo.

Para o governo Alckmin, as PPPs são uma forma de construir moradias sem compromete­r o orçamento.

A gestão aposta em outras parcerias como essa na cidade. Uma delas, ainda em estudo, fica em um grande terreno do Estado próximo à Marginal Tietê, na zona leste, que hoje é ocupado por uma comunidade com mais de 5.000 moradores.

O uso de PPPs para habitação social é celebrado por empresário­s como uma alternativ­a à diminuição dos repasses do Minha Casa, Minha Vida —programa de habitação social governo federal. No entanto, há ressalvas.

“Para atrair mais empresas, como as de pequeno e médio porte, os contratos poderiam abranger lotes menores”, diz Ronaldo Cury, vicepresid­ente do Sinduscon-SP, que reúne as construtor­as.

“Mesmo com a crise, conseguimo­s fazer grandes contratos, pois o impacto virá de 2017 em diante”, diz Rodrigo Garcia, secretário estadual de Habitação. “Recebo a obra à vista e pago a prazo”. (LM E RB) QUEM PODE MORAR Famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos (governo paga boa parte das parcelas) Famílias de 6 a 10 salários mínimos (subsídio do governo é menor) Um dos membros da família precisa trabalhar no centro expandido Inscrições podem ser feitas no site: bit.ly/23IR4Cm

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