SÃO PAULO FASHION WEEK
COLUNISTA DA FOLHA FOLHA
Fause Haten é um estilista independente na moda brasileira. Desde o tempo em que nem se falava do sucateamento do formato desfile de moda, ele tenta diversificar, quebrar padrões e revolucionar a forma com a qual apresenta suas roupas.
Ele voltou ao calendário do São Paulo Fashion Week às 20h30 deste domingo (24), apósumatemporadalongeda passarela, numa performance feita sob encomenda para o Sesc Ipiranga.
Inspirado numa apresentação própria de 2013, o multiartista performático decidiu recriar a sua Fábrica do Dr. F. no Parque Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Nas últimas semanas, ele costurou, com as próprias mãos as peças que vestiram bonecas em tamanho real que abririam esta 41ª SPFW.
O desfile, batizado de “Marlene”, é parte de um projeto maior de construção do figurino da peça de teatro a ser encenada no segundo semestre e escrita pelo próprio estilista.
São oito looks masculinos e 14 femininos, incluindo casacos de moletom bordados, jaquetas esportivas afastadas do corpo, camisetas de banda vintage reformadas, franjas e muitos cristais que decoram calças largas e blusinhas transparentes.
Assim como em desfiles passados, o designer usou a dramaturgia e a própria voz.
Naapresentação,quedurou umpoucomaisde30minutos, as bonecas foram manipuladas lentamente por homens de preto, que interpretaram suas emoções. O “desfile” foi embalado por um som de pia- no e a voz de Fause Haten, autodenominado artista. Assim que entrou em cena, para cantar uma versão de La Vie En Rose, seu microfone falhou.
A atriz alemã Marlene Dietrich estampou os rostos das marionetes, com maquiagem e cabelo únicos, criados por Ricardo dos Anjos. “Acho incrível esse tipo de apresentação. Esse é nosso jeito de criar educaçãodemoda”,dizPauloBorges, fundador da SPFW, minutos antes da apresentação.
A SPFW é fechada para convidados, mas, nesta abertura do evento, o público pode acompanhar o vaivém fashionista. “Estávamos pas- seando por aqui no parque e acabamosficandoporqueadoramos moda”, conta Maria do Socorro, 45, acompanhada de sua filha, Nathallya Ferreira, 10. Elas esperaram ansiosas nas escadarias do parque o início da performance.
“Acho que a gente precisa ver um pouco do monumento da independência pintado de rosa”, disse o estilista nos bastidores do evento. QUANDO seg. (25) a sex. (29) ONDE Fundação Bienal (av. Pedro Álvares Cabral, s/n, parque Ibirapuera) QUANTO só para convidados