Seres mitológicos e personagens da ficção inspiram novos negócios
Ser uma sereia é possível por R$ 329. Cursar até oito disciplinas de aulas de magia em um castelo de verdade sai por R$ 1.850. Já R$ 600 compram uma espada como a de São Miguel Arcanjo descrita na Bíblia.
Pequenos empresários estão transformando lendas, mitos, roteiros ficcionais e personagens religiosos em inspiração para negócios com faturamento reais.
Vanessa Godoy, 26, já vendeu quase todas as 660 vagas para os três cursos que a sua Escola de Magia e Bruxaria vai ministrar neste ano em um castelo de Campos de Jordão, interior de São Paulo, em junho, agosto e dezembro.
A empresária se inspirou na série do personagem Harry Potter para criar o empreendimento. Mas, como não cita nenhum elemento relacionado ao universo dos filmes e livros, recebeu sinal verde da Warner Bros., detentora dos direitos autorais.
Folclore brasileiro e criações próprias foram adicionados ao mundo da escola pela roteirista Petra Leão, contratada por Godoy.
“Eu pensei, como fã, em fazer uma experiência para outros fãs”, conta a jovem empresária, que investiu mais de R$ 100 mil para criar o conceito da escola.
Inicialmente, o projeto era voltado unicamente para adultos. Em dezembro, porém, haverá uma versão do curso para crianças.
O pacote inclui quatro dias de estadia, pensão completa, material didático, túnicas e cachecóis personalizados.
Lojas como as que aparecem nos livros de Harry Potter também estão no empreendimento. DO CASTELO AO MAR Inmetro.
Hoje, Schrappe tem capacidade para produzir 200 caudas em três dias. Seu investimento inicial na Sirenita foi de R$ 120 mil.
Tanto Godoy quanto Schrappe dizem que a vantagem de vender produtos inspirados no universo da ficção são os consumidores-fãs.
Antenados nas redes sociais, eles não demandam gastos com marketing e reagem bem ao boca a boca.
Elas ressaltam, contudo, que são clientes mais exigentes com detalhes que os habituais. Se a ideia é se inspirar em um roteiro fictício, é importante respeitar todas as características do mundo desses personagens. ESPADAS A família de Carlos Parreira, 58, de São Vicente, litoral de São Paulo, forja espadas há oito gerações.
“Meu tataravô forjava espadas antes mesmo da criação do Brasil Império”, conta o empresário.
Sua empresa, a Ibéria, faturou R$ 5 milhões em 2015, produzindo réplicas de itens antigos e outros armamentos, como escudos e lanças.
“Para nós, a crise não chegou”, afirma.
Algumas são inspiradas em lendas, como a Excalibur, do Rei Artur, da Inglaterra. Espadas como as usadas por Moisés ou pelo rei bíblico Davi podem custar até R$ 6.000.
A peça mais cara do portfólio é uma réplica da arma de d. Pedro 1º: R$ 20 mil, com detalhes em ouro.
Aempresaatendetambém academias militares e ordens místicas, como a Maçonaria e a Rosacruz. Parreira estima ter hoje 50% do mercado de espadas para cerimoniais das Forças Armadas.