O IMPEACHMENT Temer reclama, mas deve manter as ‘bondades’ de Dilma
Vice diz não ter como reverter reajuste do Bolsa Família e correção da tabela do IR, anunciados ontem pela petista
PMDB avalia fixar uma espécie de teto para aumento de despesas que seja inferior ao crescimento do PIB
Um dia após a presidente Dilma Rousseff anunciar um “pacote de bondades”, gerando gastos extras para a União, assessores de Michel Temer (PMDB-SP) classificaram a iniciativa de “irresponsabilidade fiscal”, mas o vice decidiu não rever medidas como o aumento médio de 9% do Bolsa Família e a correção de 5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.
Nesta segunda (2), Temer se reuniu com sua provável equipe econômica, entre eles o exministro do Banco Central Henrique Meirelles, cotado para o Ministério da Fazenda.
Ficou acertado que, assim que tomar posse —caso o Senado aprove o afastamento de Dilma na próxima semana— a equipe econômica de Temer vai avaliar ações necessárias para neutralizar o impacto fiscal das medidas.
“Isso [o pacote] vai ter de ser devidamente medido e equacionado. O país tem condições de honrar seus compromissos. A questão toda é o custo, o que será necessário ser feito para que a trajetória de crescimento da dívida pública tenha sinais cla- ros de reversão e, em consequência, possa haver uma mudança no índice de confiança”, disse Meirelles na saída do encontro.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-ministro Eliseu Padilha, dois nomes certos na equipe de Temer, criticaram o “pacote de bondades” e o classificaram de uma “ação de vingança”, mas assessores do vice reconheceram que politicamente não há como revertê-las.
Temer e sua equipe também discutiram a criação de um controle constitucional da trajetória de gastos da máquina pública. Elaborado pelo PMDB, o documento “Ponte para o Futuro” propõe a criação de um teto de gastos com custeio que seja estabelecido por meio de lei e seja inferior ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
“Um controle legal e até constitucional da trajetória de gastos é uma alternativa interessante que certamente será contemplada”, disse Meirelles.
Antes, o governo vai precisar aprovar a proposta de mudança da meta fiscal de 2016, saindo de uma previsão original de superavit de R$ 24 bilhões da União para um deficit de R$ 96,7 bilhões.
Para Meirelles, é necessário uma mudança na trajetória de crescimento da divida publica, o que, na avaliação dele, fará com que as taxas de risco e de juros caiam.
Durante o encontro, Meirelles destacou que a primeira missão é retomar a “credibilidade” da política econômica e que, para isto, o governo Temer acabará com a era de intervencionismo na economia do período Dilma.
Ele defendeu que a melhora do quadro fiscal e a realização de concessões que viabilizem investimentos diretos em infraestrutura ajudariam, no curto prazo, a gerar empregos e, no longo prazo, a diminuir o custo país.
Em sintonia com o vicepresidente, avaliou que será possível retomar o crescimento econômico ainda neste ano com medidas no campo da privatização, concessões e retomada dos investimentos.
A avaliação interna é que a recuperação da credibilidade, com a posse de Michel Temer na Presidência, já vai garantir, por exemplo, uma queda da taxa de juros nos próximos meses. E que, no próximo ano, o PIB (Produto Interno Bruto) pode crescer cerca de 1%, acima da previsão de mercado, de 0,3%.
No Banco Central, Temer e Meirelles acertaram que a mudança da atual diretoria será gradual, para evitar turbulências no mercado. Ou seja, o presidente atual, Alexandre Tombini, ficará num período de transição.
A reunião serviu também para que o vice-presidente transmitisse o recado para toda sua equipe mais próxima, na frente de Meirelles, de que é necessário unificar o discurso na economia e que, nesta área, o fiador será o ex-presidente do Banco Central. Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB) Ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil e dos Transportes Problemas Quando ministro de FCH, foi alvo de acusações de pagar irregularmente precatórios do DNER (atual DNIT. Segundo Delcídio do Amaral, seu cargo de direção na Petrobras foi apoiado por Padilha. Ele nega irregularidades e a indicação de Delcício Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB) E x-ministro do Turismo. Foi deputado federal por 11 mandatos consecutivos e presidente da Câmara Problemas Também foi mencionado na Lava Jato sob suspeita de negociar propina com o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS. Ele diz que as doações são legais AdovocagiaGeral da União Alexandre de Moraes (PSDB) Secretário de Segurança de SP, foi promotor de Justiça Problemas Em 2014, foi advogado de Cunha e conseguiu a absolvição do deputado no STF. É criticado por falta de transparência em estatísticas de mortes da PM. Ele diz seguir padrão internacional Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB) Presidente do PMDB na Bahia e ex-ministro da Integração Nacional Problemas É alvo da Lava Jato sob suspeita de negociar propina com o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, o que ele nega. Em 2001, foi acusado por Antonio Carlos Magalhães de enriquecimento ilícito Assessor especial Moreira Franco (PMDB) Ex-governador do Rio e ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil e da Secretaria de Assuntos Estratégicos Problemas Segundo Delcídio, seu cargo na Petrobras foi apoiado por Franco, que confirma a indicação Cidades Gilberto Kassab (PSD) Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro das Cidades Problemas Ministério Público o acusou de violar a lei de licitações e favorecer a Controlar, contratada para inspeção de veículos em São Paulo, mas ele foi inocentado