Folha de S.Paulo

Prévia em Indiana deve ditar chance de Cruz

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DE NOVA YORK

Na teoria, a primária que Indiana realiza nesta terça (3) é o cenário dos sonhos para Ted Cruz: o Estado tem perfil conservado­r e evangélico, como ele, e o governador Mike Pence declarou seu apoio a quatro dias do embate.

Na prática, pesquisas mostram um quadro menos promissor para o pré-candidato que já definiu uma vitória ali como “decisiva” para sua sobrevivên­cia na corrida republican­a para a Casa Branca.

Trump tem 42%, quase dez pontos de vantagem sobre Cruz, segundo média do site Real Clear Politics. Perder ali pode ser o fim da linha para o senador texano que quer ser o 45º presidente dos EUA.

Indiana oferece 57 delegados, 2,3% do total de representa­ntes do partido que elegerão o candidato na convenção, em julho.

E é essa pequena fatia que Donald Trump precisa abocanhar para se aproximar dos 1.237 delegados necessário­s para ser o nome republican­o nas cédulas em novembro.

Caso vença em Indiana, o magnata precisará de 188 dos 445 apoios ainda em jogo. Só na Califórnia, que contempla o campeão com todos os seus 172 delegados, ele tem duas vezes mais intenções de voto do que Cruz: 51% vs. 24%.

Uma pesquisa da CNN revela que 84% dos eleitores diz acreditar que, a essa altura, Trump será o candidato.

A esperança, para o sena- dor, é que seu rival não consiga os 1.237, e os delegados, na convenção partidária, descartem o empresário na segunda rodada de votações.

Sem maioria formada de primeira, eles terão permissão para escolher entre os participan­tes votados nas prévias, inclusive em descompass­o com as urnas.

Para especialis­tas, Cruz tem cartas fracas na mão.

O endosso do governador Pence pode não ser tão útil: suas taxas de aprovação caíram mais de 15 pontos no ano passado, após ele sancionar uma lei de “liberdade religiosa” que priva direitos LGBT.

A decisão de nomear a exexecutiv­a Carly Fiorina, que até fevereiro disputava a nomeação republican­a, como sua vice foi vista como ato de desespero —há 40 anos um republican­o não antecipava esse anúncio para a fase das prévias, gesto atípico sobretudo para alguém que sequer lidera a corrida. Pior, Fiorina é desconheci­da no Estado.

A aliança com John Kasich, o terceiro colocado, tampouco foi para frente. Como combinado, o governador de Ohio não está fazendo campanha em Indiana, para dar mais chances de Cruz deter Trump.

Mas Kasich ainda tem 16% nas pesquisas e sugeriu que seus eleitores não desistam.

Na TV, Cruz discutiu com simpatizan­tes de Trump e, na semana passada, foi chamado de Lúcifer pelo ex-presidente da Câmara John Boenher. Um colega sugeriu que Lúcifer fosse ouvido “para se defender”. (AVB)

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Joe Radle/Getty Images/AFP Ted Cruz (à dir) faz campanha em café de Osceola, Indiana

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