Imposto sobre dólar em espécie aumenta
Alíquota de IOF passou de 0,38% para 1,1%; cartão de crédito e pré-pago continuam pagando tributo de 6,38%
Alta vale a partir desta terça-feira (3); anúncio fez crescer procura pelas casas de câmbio na segunda-feira
A presidente Dilma elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na compra de moeda estrangeira em espécie, de 0,38% para 1,1%.
O aumento vale a partir desta terça (3). As outras formas de aquisição de moeda estrangeira, como operações no cartão de crédito e pré-pago, permanecem com alíquota de 6,38%.
A mudança dá ao governo mais recursos para financiar o “pacote de bondades” anunciado no domingo (leia mais na pág. A18). A receita extra é calculada em R$ 1,6 bilhão até o fim do ano.
Fernando Mombelli, coordenador-geral de Tributação da Receita, disse que a medida teve como objetivo diminuir a diferença de tributação em relação aos cartões, mas que o governo não quis igualar o imposto.
Mombelli não explicou, no entanto, por que foi escolhida a alíquota de 1,1%, valor ainda distante dos 6,38% dos cartões.
Para o diretor da distribuidora de câmbio Cotação, Alexandre Fialho, a medida não deve trazer mudanças significativas na proporção entre vendas em espécie e no cartão pré-pago, que hoje é de 70% e 30%, respectivamente, nem reduzir as compras.
Antes da medida, comprar US$ 1.000 no cartão custava R$ 60 a mais em relação ao dinheiro em espécie. Agora, a diferença será de R$ 52,80.
O peso maior sobre a decisão dos clientes continua sendo o sobe e desce nas cotações. O tributo maior eleva o custo da aquisição em 0,72%, diferença que pode ser superada em um único dia em que a cotação caia 1%, por exemplo.
Por isso, Fialho recomenda que os viajantes parcelem e antecipem a compra de divisas antes das viagens. CORRIDA AO CÂMBIO A notícia de tributação maior fez compradores correrem para fazer operações de câmbio ainda nesta segunda (2). Numa casa de câmbio no shopping Ibirapuera (zona sul de SP), a fila era semelhante às da alta temporada de férias ou do final de ano, segundo uma funcionária.
Ela diz que a “fila não zerou durante quatro horas”, o analista da BGC Liquidez, destaca que a intenção do vice-presidente Michel Temer de conter a queda mais acentuada do dólar em seu eventual governo, conforme apurou a Folha, foi um fator adicional para a alta da moeda americana nesta segunda-feira.
“O mercado aproveitou a sessão para embolsar os ganhos obtidos recentemente no mercado brasileiro”, diz Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor.
Segundo analistas, a mudança na alíquota do IOF de 0,38% para 1,10% na compra de moeda estrangeira em espécie (leia texto ao lado) não chegou a ter impacto na cotação da divida americana, uma vez que afeta mais pessoas físicas em viagem ao exterior.